Cerco às plataformas
Enquanto o Congresso não avança na regulamentação das Big Techs, é o Poder Judiciário e as autarquias que têm assumido o papel de controlar a atuação das grandes empresas de tecnologia no Brasil. Na última semana, a Alphabet, dona do Google, foi condenada a indenizar uma empresa por concorrência desleal. A Meta, controladora do Facebook, Instagram e do WhatsApp, teve que retirar do ar sua nova IA. E virou alvo de ação judicial bilionária pelo uso indevido das informações dos usuários.
A Meta anunciou ontem (17) a suspensão de seus recursos de inteligência artificial (IA) generativa no Brasil, após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinar a interrupção da coleta de dados de usuários para o treinamento da ferramenta.
A decisão foi tomada devido à atualização na política de privacidade da empresa, que entrou em vigor no último dia 26 de junho. A nova política se aplica aos "Produtos da Meta", que incluem o Facebook, o Messenger e o Instagram, e permite que a empresa utilize informações publicamente disponíveis e conteúdos compartilhados por usuários de suas plataformas para treinamento e aperfeiçoamento de sistemas de IA generativa.
A ANPD argumenta que a Meta dificultou o bloqueio do uso de informações pessoais pelos usuários, violando a Lei Geral de Proteção de Dados.
Há um mês, a Meta lançou o “Imagine Me”, IA capaz de criar figurinhas de WhatsApp com fotos armazenadas no dispositivo ou com selfies. Este recurso está atualmente fora do ar.
Ação contra o WhatsApp
O Ministério Público Federal de São Paulo e o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) entraram com uma ação contra a Meta pelo uso ilegal e compartilhamento de dados dos usuários do aplicativo WhatsApp. A ação, ajuizada anteontem (16), pede uma multa de 1,7 bilhão de reais por danos morais coletivos, com base em condenações similares na Europa.
Se julgada procedente, a indenização será destinada ao Fundo de Direitos Difusos, vinculado ao Ministério da Justiça. A ação também responsabiliza a ANPD por não ter atuado contra o WhatsApp.
A mudança na política de privacidade do WhatsApp em 2021 é um dos pontos centrais da ação. À época, os usuários receberam um pop-up solicitando a aceitação das novas políticas, sob pena de terem o acesso ao aplicativo bloqueado em alguns meses. A nova política permite ao WhatsApp utilizar informações coletadas para oferecer produtos e direcionar publicidade nas plataformas da Meta, como Instagram e Facebook. Entre os dados coletados estão nomes completos, fotos de perfis, listas de contatos, grupos e comunidades, tempo de uso da plataforma, modelos de smartphones, nível de carga da bateria e localizações dos usuários.
MPF e Idec argumentam que, além da falta de transparência e coação, o WhatsApp coletou informações em excesso, violando a lei. A ação pede ainda uma medida liminar para que o WhatsApp adote a política de privacidade utilizada na Europa até uma decisão final.
O WhatsApp é o aplicativo de troca de mensagens mais utilizado no Brasil, com cerca de 150 milhões de usuários, representando 95% dos usuários de internet no país.
Concorrência desleal do Google
Na semana passada (9), o Superior Tribunal de Justiça manteve a decisão que condenou o Google Brasil por concorrência desleal relacionada à promoção de links. Uma concorrente da Hope, a Loungerie, teria “comprado” o nome da Hope como palavra-chave de anúncios.
Em primeira instância, o Google foi condenado a cessar a vinculação do termo “Hope” a anúncios e ao pagamento de 5 mil reais em danos morais, além de danos materiais a serem calculados. O Tribunal de Justiça de São Paulo aumentou a indenização para 20 mil reais. O STJ julgou um recurso contra essa condenação, mantendo a decisão. A plataforma também ficou impedida de vender o nome da marca como palavra-chave.
Na decisão, a ministra Nancy Andrighi afirmou que o Google tem controle ativo das palavras-chave que comercializa, podendo evitar a violação de propriedade intelectual.
O Bastidor tem mostrado como as Big Techs têm atuado para manter seu monopólio por meio de concorrência desleal e lobby.
Leia as matérias relacionadas:
Europa dá mais um passo para endurecer regras que afetam Big Techs
A pouca experiência do Cade com as Big Techs
Google manipulou seu buscador para impor monopólio de mercado publicitário, acusam procuradores
Procuradores americanos partem para cima do Instagram
Criminosos vendem informações de brasileiros raspadas do Facebook e do LinkedIn
Google agiu em conluio com outras gigantes para protelar privacidade infantil, acusam procuradores
Facebook e Google se uniram para tentar limitar mecanismos de privacidade da Apple
Justiça do Rio afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF e pede novas eleições
Leia MaisJ&F e Paper anunciam acordo e encerram disputa pela Eldorado Celulose após 8 anos
Leia MaisMP que cria regras do novo mercado de energia e isenção de tarifa vai atrasar
Leia MaisSuspeito de ser operador de Andreson de Oliveira Gonçalves é preso por obstrução de justiça
Leia MaisFlávio Dino aceita explicação da Câmara sobre frase de Sóstenes Cavalcante em relação a emendas
Leia MaisPrimeira Turma do Supremo condena deputada à prisão por invasão do sistema do CNJ
Leia MaisJustiça da Espanha nega recurso e mantém blogueiro brasileiro livre na Europa
Leia MaisDisputa entre J&F e Paper Excellence pelo conrole da Eldorado Celulose está perto do fim
Leia MaisEmpresário suspeito de operar com Andreson Gonçalves é alvo da PF com pedido de prisão
Leia MaisPresidente da Câmara recorre ao plenário do STF para beneficiar Alexandre Ramagem no caso do golpe
Leia MaisOs laranjas de Andreson
A PF avançou nas relações bancárias e fiscais que dão sustentação ao esquema de venda de sentenças
Leia MaisMorre Pepe Mujica, que foi o melhor dos políticos por fazer o contrário dos outros
Leia MaisSTJ nega pedido de ex-marqueteiro do PT para impedir cobrança de dívida de US$ 1 milhão em cassino
Leia MaisA força do esquema
PF chega a Valdoir Slapak e ao grupo Fource no inquérito que apura comércio de decisões judiciais
Leia MaisSTF suspende ação contra deputado acusado de golpe apenas por crimes cometidos após a diplomação
Leia Mais