No escuro da acareação

Karen Couto
Publicada em 24/06/2025 às 17:56
Mauro Cid e Braga Netto foram colocados frente a frente no STF em acareação sem gravação Foto: Rosinei Coutinho/STF

A acareação entre o general Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid nesta terça-feira (24), no Supremo Tribunal Federal, terminou sem esclarecer as versões conflitantes dos dois militares sobre a trama golpista de 2022. Os dois mantiveram suas versões.

A acareação foi convocada pelo ministro Alexandre de Moraes a pedido da defesa do general para esclarecer dois pontos divergentes nos depoimentos dos dois réus do núcleo central: a reunião de 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto, e a entrega de dinheiro vivo de Braga a Cid, intermediada pelo major Oliveira. A sessão durou uma hora e meia e não pôde ser gravada em áudio ou vídeo pelas partes. Ao final, o Supremo divulgou a ata com as conversas.

Segundo sua defesa, no encontro desta terça Braga Netto negou ter entregado o dinheiro e questionou como Cid poderia saber o conteúdo da sacola se diz que estava lacrada. A defesa de Braga Netto diz ainda que Cid apresentou uma terceira versão sobre o local da entrega: a sala da ajudância de ordens do Palácio do Planalto.

Em relação à reunião no apartamento de Braga Netto em Brasília, em 12 de novembro de 2022, Cid reafirmou que os coronéis Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima estiveram no local para falar sobre "insatisfação que ambos estavam com o resultado eleitoral". Disse também que saiu antes do fim do encontro. Braga Netto disse novamente que foi apenas uma visita de cortesia e que Cid permaneceu o tempo todo.

Na saída da sessão, o advogado José Luis de Oliveira Lima afirmou que Braga Netto chamou Cid de “mentiroso” duas vezes durante o encontro. Segundo seu relato, Cid não reagiu, manteve-se de cabeça baixa. Outro advogado deu versão mais amena do episódio: disse que Braga Netto apenas afirmou “não saber por que Cid mente” e que o tenente-coronel permaneceu em silêncio.

O advogado de Cid, Cezar Bittencourt, saiu sem falar com ninguém. Mais tarde, negou o episódio. “O Cid repetiu o que já tinha dito! Falou a verdade! Ninguém chama alguém de mentiroso em audiência no STF! Mentiroso é quem inventou isso!”, disse ao Bastidor.

A ata oficial da acareação não faz menção a um confronto verbal entre os réus.

Por decisão de Moraes, ninguém pôde gravar a sessão, nem mesmo as defesas, embora a lei autorize. José Luís de Oliveira Lima, advogado de Braga Netto, disse que pretende acionar a OAB por violação de prerrogativas.

Segundo relatos, os advogados também foram impedidos de usar seus celulares durante a acareação. Um dos defensores que acompanhou a sessão contou que, ao pegarem os aparelhos, eles eram advertidos pelos seguranças para que os guardassem. A restrição, no entanto, não se aplicou aos ministros presentes e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Além de Braga Netto e Cid, o ex-ministro Anderson Torres e o general Freire Gomes também foram colocados frente a frente. Freire Gomes declarou que Torres participou das reuniões no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022, quando Jair Bolsonaro apresentou minutas golpistas para impedir a posse de Lula. Torres negou envolvimento jurídico nas tratativas.

A sessão desta terça terminou com uma provocação futebolística. Palmeirense, o advogado José Luís de Oliveira Lima contou que interrompeu uma viagem aos Estados Unidos com os filhos para acompanhar o Mundial de Clubes para participar da acareação, pois seu pedido de reagendamento foi negado. No fim, brincou com o ministro Alexandre de Moraes: “O senhor indeferiu meu pedido porque sou palmeirense.” Corintiano, o ministro respondeu no mesmo tom: “Se soubesse, teria indeferido com mais força.”

Ao Bastidor, o advogado disse que não pretende retornar aos Estados Unidos para acompanhar o Palmeiras na próxima fase da competição.

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