A privacidade mudou

Brenno Grillo
Publicada em 28/04/2024 às 06:00
Cenário atual é mais propício para mudar jurisprudência da corte sobre sigilo de mensagens trocadas por aplicativos. Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF

O Supremo Tribunal Federal julgará no plenário uma ação que pode ditar jurisprudência sobre a obtenção de informações guardadas pela criptografia de aplicativos de mensagem, como WhatsApp e Telegram. O caso estava sendo analisado virtualmente, mas o ministro Flávio Dino pediu o deslocamento. Ainda não há data definida.

A ação em questão envolve o bloqueio do WhatsApp em 2016, por um juízo de Duque de Caxias (RJ). A decisão foi uma resposta à negativa da empresa em fornecer às autoridades meios de grampearem criminosos em tempo real, como acontece com ligações telefônicas, ou obterem cópias dessas conversas.

Esse foi um dos inúmeros bloqueios definidos pelo Judiciário brasileiro contra aplicativos de mensagem. Em relação ao WhatsApp foram pelos menos três desde 2015. As decisões partiram, além do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Justiça Federal em Sergipe.

Os argumentos da empresa são a impossibilidade de conseguir esses dados, pois não teria acesso, e o desrespeito das autoridades brasileiras a um acordo bilateral firmado com os EUA para solicitação, o FATCA. A companhia alega que, sem essa formalidade, estaria sujeita a punições nos EUA, que trata a privacidade de uma forma diferente do Brasil.

Na ocasião, o ministro Edson Fachin suspendeu a decisão do juiz, que bloqueou o WhatsApp. O espírito da discussão ainda continha uma resistência à invasão da privacidade. Era uma resposta aos grampos da Lava Jato e outras investigações anteriores.

Naquela época já havia relatos de representantes das donas dos aplicativos de mensagens sobre pressões de autoridades pelo acesso irrestrito em combate ao crime organizado. Integrantes do Judiciário, do Ministério Público e das polícias argumentam que o sigilo e a criptografia facilitam a vida dos criminosos.

Agora, em 2024, o espírito do Supremo mudou. Parte da corte quer regular as redes sociais. E isso incluirá os aplicativos de mensagem, que funcionam cada vez mais como plataformas como Facebook, Instagram e X (antigo Twitter).

O combate ao crime organizado tornou-se uma urgência para o Supremo e o novo governo. Há ainda a adição do golpismo que quase destruiu o STF organizando-se pelas redes sociais e por aplicativos de mensagem.

O Bastidor tem mostrado a estratégia de Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes para responsabilizar plataformas digitais pelos conteúdos distribuídos, mesmo que essas empresas não os tenham produzido.

Leia o relatório e o voto de Edson Fachin na ADPF 403:

Nas mãos de Fux

10/05/2024 às 18:09

Recurso de Bolsonaro ao STF para reverter a inelegibilidade ficará com ex-presidente da corte.


Leia Mais

O que tem é isso

10/05/2024 às 13:32

Ferbasa nega ter descumprido decisão que obrigou entrega de documentos

Leia Mais

Tudo pela grilagem

10/05/2024 às 09:00

Os Brazão lucraram com milícia e apropriação de terras, e Marielle era um risco ao negócio, diz PGR.

Leia Mais

Empresa e Fundação José Carvalho não cumprem decisão judicial que exige entrega de documentos.

Leia Mais

Nos últimos anos, a CVM deixou de cobrar dívidas de infratores que ultrapassam 1 bilhão de reais

Leia Mais

STF derruba decisão que afrouxou Lei das Estatais, mas mantém nomeações feitas até a decisão de hoje

Leia Mais

Advogado da Fundação José Carvalho foi eleito conselheiro da Ferbasa em abril deste ano.

Leia Mais

Randolfe é culpado por eventuais revezes; já Alcolumbre é elogiado pelos entendimentos

Leia Mais

Cai a avaliação positiva do governo e do presidente entre seus eleitores

Leia Mais

O STF tem cinco votos contra decisão que afrouxou a Lei das Estatais. Julgamento termina amanhã (9)

Leia Mais

Empresa e Fundação José Carvalho são alvo de busca e apreensão, mas não entregam documentos

Leia Mais

STF retoma julgamento que pode afrouxar Lei das Estatais e liberar mais cargos para políticos

Leia Mais

Presidente da Petrobras estuda possibilidades de afrouxar normas de controle contra corrupção

Leia Mais

Insatisfeitos, velhos aliados reclamam de não conseguir falar com Lula sem passar pela primeira-dama

Leia Mais

No lugar de Moraes

07/05/2024 às 19:30

Cármen e Kassio são eleitos para gerir o Tribunal Superior Eleitoral de agosto deste ano até 2026.

Leia Mais