Putin e a mentira como arma na guerra da Ucrânia

Brenno Grillo
Publicada em 01/03/2022 às 14:11
Foto: Futura Press/Folhapress

"Na guerra, a primeira vítima é a verdade." O adágio, cuja origem é desconhecida, popularizou-se após a Primeira Guerra Mundial. Prova-se certeiro a cada conflito. Com a ascensão da propaganda política no século XX, a verdade passou a ser vítima antes mesmo da deflagração da guerra. A mentira - ou a propaganda - como método bélico para aumentar o moral do agressor e enfraquecer a disposição do agredido tornou-se prevalente e decisiva. Esse método, que se aproxima de uma arte, também é conhecido como guerra psicológica: a mistura proposital e persuasiva entre fatos e invenções confunde os adversários. Desinforma para desestabilizar.

Nenhum país domina tanto a arte da desinformação - a dezinformatsia - com fins bélicos como a Rússia. Na era digital, Vladimir Putin aprendeu rapidamente o valor da guerra psicológica e o papel da desinformação no alcance de objetivos geopolíticos. O czar montou um aparato de inteligência e de comunicação estatal para assegurar sua vantagem estratégica nesse campo.

Não é supresa, portanto, que a guerra na Ucrânia tenha sido construída pela Rússia sobre mentiras. Algumas risíveis, não fosse a natureza terrível do que elas encerram. Em 2022, é possível ver as mentiras surgindo e sendo desmentidas em tempo real. Vladimir Putin prometeu, sem corar, uma missão de paz para barrar o nazismo e o domínio ocidental que, disse ele, ameaçavam a Rússia. Tem bombardeado desde hospitais até creches.

O czar diz que não. Mente. Defende que sua “campanha de paz” usa tecnologia de alta precisão para atingir apenas alvos militares e estratégicos – relatos mostram o contrário aqui, aqui e aqui. A população russa, proibida de protestar e com sua liberdade de informação censurada, é comunicada de que tudo vai bem na missão para "pacificar" a Europa.

A força da desinformação é tamanha que a União Europeia proibiu transmissões das agências de notícias russas RT e Sputnik no bloco e as Big Techs foram obrigadas a desmonetizar e bloquear o acesso a canais de notícias da Rússia.

Facebook e Twitter afirmaram que excluíram perfis administrados em Donbass e Crimeia - territórios controlados pela Rússia - por operações secretas ligadas aos governos russo e bielo-russo. As campanhas espalhavam notícias contra a Ucrânia em um site e por meio de contas hackeadas.

Essa plataforma de mentiras já foi bem experimentada no passado, com influência russa em eleições de diversos países, incluindo os EUA. Quando não é usada para mentiras, a rede de desinformação é usada para aumentar problemas reais.

Na Ucrânia é o nazismo, que ganhou força no país com o surgimento de inúmeras milícias após as manifestações de 2013 e 2014, na praça Maidan, e os 2% de votos dados à extrema-direta nas últimas eleições. A existência desses grupos - que estão enfrentando os russos - tem sido denunciada há anos e as críticas recrudesceram com as cenas de ucranianos impedindo o embarque de estrangeiros (principalmente negros e árabes) em trens.

Na busca por deslegitimar qualquer reação ucraniana, inclusive no discurso, Putin disse que o governo de Volodymyr Zelensky (judeu) seria um bando de nazistas drogados. Também questionou se o nazismo teria mesmo acabado na Alemanha porque o governo alemão enviará armas aos ucranianos e fechou o gasoduto Nordstream II.

Nem as tropas russas escaparam das mentiras de Putin. Há um crescente número de relatos de soldados afirmando terem sido notificados de que seria um exercício militar, outros de que a ação se limitaria a marchar até Kiev após uma já consumada capitulação de Volodymyr Zelensky. Também surgem histórias de mães russas desesperadas ao descobrirem o paradeiro dos filhos.

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