Volodymyr Zelensky: de “servo do povo” a alvo número 1 de Putin
A chegada de Volodymyr Zelensky à presidência da Ucrânia, em 2019, foi resultado de uma transformação cultural da sociedade ucraniana 30 anos depois do fim da União Soviética. A república criada com a revolução que deu cabo do império russo parecia ter definido o caminho identitário que seguiria ao eleger um homem acostumado a satirizar a política e a sociedade do país por suas incongruências.
Zelensky é um personagem conhecido dos ucranianos. Formado em Direito, nunca exerceu a profissão e preferiu o caminho das artes, abrindo seu próprio canal de televisão: Kvartal 95. Lá, produziu o Servo do Povo, um dos programas mais famosos da Ucrânia, onde interpretava um professor que chegou à presidência após um discurso que fez contra a corrupção parar nas redes sociais e conquistar a população.
Quis o destino que daí surgisse o pontapé para sua carreira política. Partiu de pessoas da sua equipe a criação de um grupo político para levantar as bandeiras do “Servo do Povo”. Foi com essa base que Zelensky candidatou-se e venceu o segundo turno do pleito de 2019 com 73% dos votos contra o ex-presidente Petro Poroshenko – eleito em 2014, ainda durante as manifestações da praça Maidan.
O atual presidente apoiou a revolução iniciada em 2013 e marcada pelos violentos protestos que defendiam um olhar mais ocidental para a Ucrânia abandonar a influência russa que foi mantida mesmo com a Perestroika. Inclusive, foi envolvido num escândalo que quase terminou com o impeachment de Donald Trump.
O apoio de Zelensky aos protestos pró-ocidente é um dos argumentos de Vladimir Putin para chamar o ucraniano e seus ministros de drogados e nazistas – apesar de o presidente da Ucrânia ser judeu e ter sido criado no sudeste do país, onde a língua mais falada é o russo.
O nazismo é algo que permeia o conflito, porque, de fato, há milícias neonazistas na Ucrânia e representantes desse grupo foram eleitos com 2% dos votos. Mas não há qualquer indicação de que o governo de Zelensky compactua com essa ideologia.
Ainda quando a guerra entre Ucrânia e Rússia era uma ameaça possível, não uma realidade sangrenta e irracional, eram muitas as piadas na internet sobre a fraqueza de Zelensky em relação a Putin. À primeira vista tudo fazia sentido: um ator, comediante e político inexperiente de um país pequeno contra um ex-agente da KGB que está no poder há mais de duas décadas e que já ordenou invasões em outros países e regiões.
Mas a realidade se mostra um tanto diferente. Zelensky não pegou em armas, mas tem liderado seu país contra a invasão injustificada russa no campo que melhor conhece: a mídia. Apelando ao nacionalismo, o presidente ucraniano urge aos seus cidadãos (não apenas aos militares) que enfrentem a Rússia por seu futuro, seus filhos, sua pátria e pela liberdade.
E tem funcionado. São inúmeros os vídeos de civis ucranianos desarmados ou apenas com coquetéis molotov enfrentando soldados russos e companhias mecanizadas, e as filas de cidadãos para pegar em armas e defender a Ucrânias só aumentam - com homens de até 80 anos se voluntariando para enfrentar Putin.
Entre os militares o apoio é o mesmo, mesmo com Putin pedindo aos soldados ucranianos que deponham Zelensky. Um exemplo disso foi a morte de um sargento ucraniano que escolheu esse destino para poder explodir uma ponte e impedir o avanço de tropas russas. Outro foi o de 13 soldados em uma ilha ucraniana que escolheram a morte após serem ameaçados por uma fragata russa.
"Vá se foder, navio russo", disseram os militares antes de serem assassinados.
Vergonha e pressão
A tática Zelensky também mira além das fronteiras ucranianas. De um lado ele apela à população russa – que tem se mostrado contrária à guerra, colocando-se em risco ao protestar pelas ruas de Moscou – para que pressionem Putin a desistir da invasão.
Na outra ponta, Zelensky envergonha a União Europeia, para pressionar por mais apoio, ao mesmo tempo em que divulga ao mundo como o país que lidera tem apoio global enquanto a Rússia fica com o papel de agressora imperialista e desumana. O ucraniano já disse que a UE abandonou seu país e cobrou pelo ingresso no bloco, assim como na Otan - motivo do conflito.
Também recusou convite dos EUA para deixar o país. "Preciso de balas, não uma carona", disse aos oficiais norte-americanos. As informações de que teria deixado a Ucrânia logo nos primeiros ataques russos, inclusive, serviu para que presidente ucraniano desse mostras do seu compromisso com seu povo.
Zelensky disse há um dia que, mesmo sendo o alvo número 1 de Putin e sua família o número 2, ficaria no país, assim como seus parentes. “Não sou traidor. Minha família não é traidora”, afirmou.
Hoje, novo pronunciamento à nação, elencando as vitórias e acusando Putin de matar civis em hospitais e bairros residenciais propositalmente. Pediu que todos os ucranianos em condições de lutar, inclusive os que moram fora da Ucrânia, enfrentassem os russos.
“Se tiver a oportunidade de atacar os invasores ou destruí-los: faça”, disse em vídeo divulgado na manhã deste sábado.
Vida dura a de Jair Bolsonaro em Alagoas. Nem seu aliado, o presidente da Câmara, Arthur Lira, cita o presidente da República em sua propaganda eleitoral.
Leia MaisAliados de Jair Bolsonaro estão receosos com o futuro mandato de Rosa Weber à frente do Supremo Tribunal Federal –ela assume em 9 de setembro, faltando um mês para as eleições.
Leia MaisDeputados federais liberaram 1,5 milhão para ONG cujo registro fica em uma casa em bairro humilde de Aracaju, onde divide o endereço com outras 10 empresas. Mas ninguém foi verificar se havia alguma inconsistência na entidade antes de repassar o recurso.
Leia MaisAliados que trabalham na campanha de reeleição de Jair Bolsonaro elaboram argumentos para levar ao presidente um cenário não tão negativo no próximo encontro, na semana que vem, sobre a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 23.
Leia MaisO principal entrave para a criação da CPI da Educação, cujas assinaturas o senador Randolfe Rodrigues diz já ter completado, tem nome: Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.
Leia MaisSenador conseguiu 28 assinaturas para abrir CPI do MEC, uma a mais que o mínimo necessário. No entanto, em vez de apresentar logo o requerimento, resolveu esperar até a próxima terça-feira. Na última vez em que ficou esperando, governo convenceu deputados a desistirem, liberando emendas paradas.
Leia MaisA pesquisa Datafolha reforçou um sentimento no PT já explicitado para dentro do partido mas negado para fora: a certeza de que Lula vai vencer no primeiro turno.
Leia MaisO ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, segura o apoio do PP à CPI da Petrobras para obrigar o colega Paulo Guedes a embarcar em algo maior: a reforma da Lei das Estatais.
Leia MaisO governo espera encontrar uma solução jurídica ainda neste fim de semana para emplacar os mil reais que pretende dar a caminhoneiros e, agora, o aumento do Auxílio Brasil, que deve ir para 600 reais.
Leia MaisO desembargador Ney Bello, do TRF1, mandou soltar há pouco o ex-ministro Milton Ribeiro, os pastores Arilton Souza e Gilmar Santos, e outros dois investigados por supostos desvios em verbas do Ministério da Educação. Os quatro foram presos preventivamente na quarta-feira (22), por decisão do juiz federal Renato Borelli.
Leia MaisA falta de experiência no setor de petróleo e a validação de cursos de pós-graduação que afirma ter feito atrapalham a vida de Caio Mario Paes de Andrade para assumir a Petrobras esta semana
Leia MaisCom o impacto da prisão de Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro admitiu a auxiliares, que pode indicar uma mulher para ser sua candidata a vice.
Leia MaisA despeito do discurso de Lula, que tem afirmado que vai “abrasileirar” o preço dos combustíveis, o PT vai divulgar um documento para tentar acalmar investidores da Petrobras e o mercado
Leia MaisO ministro Raúl Araújo ficou conhecido nacionalmente após censurar o Lollapalooza. Mas o ministro é conhecido no Superior Tribunal de Justiça como campeão de processos acumulados.
Leia Mais