Nem vem, Odebrecht
A Advocacia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União afirmaram nesta sexta-feira (28) que o pedido de recuperação judicial da Odebrecht Engenharia não deve atingir os compromissos da empresa nos acordos de leniência firmados com o governo.
Segundo a empresa, as dificuldades provocadas pela Lava Jato e o cenário macroeconômico dificultaram as negociações com credores. Por isso, a recuperação judicial seria o caminho menos doloroso para repactuar cerca de 25 bilhões de reais em dívidas.
A CGU informou que os termos do acordo de leniência (leia a íntegra no fim do texto) impedem que os valores de multas acordados sejam utilizados como crédito em eventuais pedidos de recuperação judicial. Caso a empresa tente utilizar esse subterfúgio, fica sujeita a perder os benefícios que conquistou junto às autoridades.
Já a AGU disse que nem mesmo considera a possibilidade de a Odebrecht tentar usar a recuperação para atrapalhar o pagamento das parcelas do acordo. Segundo o órgão, a área técnica entende que uma coisa não afeta a outra e, por isso, não irá se manifestar mais detalhadamente sobre o tema.
Embora AGU e CGU afirmem que não há como a recuperação judicial interferir na quitação dos valores, sempre há possibilidade de questionamentos judiciais - ou mesmo extrajudiciais - para que sejam revistas as cláusulas.
Assim como outras empresas envolvidas em casos de corrupção nos últimos anos, a Odebrecht tenta repactuar as condições dos acordos de leniência - tanto com a AGU e a CGU, quanto com o Ministério Público Federal. O Bastidor vem mostrando que, em geral, essas tratativas apresentam motivações semelhantes.
As companhias alegam que o cenário econômico mudou e que não conseguem pagar as multas bilionárias com as quais se comprometeram. No caso específico da Odebrecht, a companhia firmou seu acordo de leniência com a CGU em 2018. Comprometeu-se a pagar 2,7 bilhões de reais em 22 parcelas anuais reajustadas pela Selic.
Começou a pagar somente em 2020 - um pagamento de apenas 2,2 milhões de reais. Voltou a fazer pagamentos em outubro e novembro de 2022, mas logo parou novamente. Não desembolsou um centavo desde o começo do governo Lula. Ao todo, pagou apenas 172 milhões de reais - ou 6% do total devido.
Em fevereiro deste ano, o ministro Dias Toffoli suspendeu o pagamento de multas de 8,5 bilhões de reais da Odebrecht referentes ao acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal, também no âmbito da Lava Jato.
A decisão autorizou a empresa a promover, perante a Procuradoria-Geral da República, CGU e AGU a reavaliação dos termos do acordo de leniência, “possibilitando-se a correção das ilicitudes e dos abusos identificados”.
Investigação sobre golpe mostra fragilidade do sistema de validação de linhas telefônicas
Leia MaisEx-vice-presidente da Caixa é demitido do serviço público por justa causa por assédio sexual e moral
Leia MaisEm ação antitruste, Departamento de Justiça dos EUA quer que empresa venda o navegador Chrome
Leia MaisGoverno de Alagoas abate quase metade da dívida da usina falida e procuradores levam comissão de 20%
Leia MaisEm nova ação contra a Lava Jato, Toffoli retira sigilo de caso de gravação de conversas do doleiro
Leia MaisProcuradores da PGFN mudam postura e estendem prazo para análise de desconto em dívida da Laginha
Leia MaisBradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha
Leia MaisProcuradores dos EUA avançam criminalmente contra bilionário amigo de Modi após ataque da Hindenburg
Leia MaisConselho Nacional de Justiça aposentou desembargadora envolvida em venda de sentenças
Leia MaisInvestigações tentam encontrar laços de militares que queriam matar Lula com o 8 de janeiro
Leia MaisMilitares e um agente da PF presos queriam matar Lula e Alckmin; Moraes também era alvo do grupo
Leia MaisO mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF
Leia MaisOperação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos
Leia MaisInvestigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin
Leia MaisSenacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.
Leia Mais