Estratégia de Bolsonaro no Congresso enfrenta cerco jurídico
Jair Bolsonaro discute com a Justiça desde que tomou posse. Empossado em janeiro de 2019, respondia sobre os disparos por WhatsApp no TSE, passou para interferência na Polícia Federal e depois às milícias digitais e suas redes sociais - todas no STF. Agora, chegou a vez de sua estratégia de negociação de votos no Congresso ser colocada sob escrutínio jurídico.
Com pagamentos suspensos desde sexta-feira (5), as emendas de relator são a principal moeda à disposição de Arthur Lira. O presidente da Câmara manobra essas emendas secretas para negociar de uma posição de força inédita.
Ao barrá-las, Rosa Weber também determinou a divulgação de todas as informações dessas transferências em 2020 e neste ano.
As decisões da ministra são um sinal de que os argumentos contrários às emendas de relator, principalmente a falta de transparência, têm abrigo em pelo menos parte da corte - para não expor o STF, dificilmente Rosa pediria a votação de um tema que interfere diretamente na Câmara se não tivesse maioria, mesmo que apertada, numa corte desfalcada.
O mesmo cuidado tem Lira na Câmara, tanto que derrotas como as do CNMP e da PEC dos Precatórios pegam todos de surpresa. Quando perde em plenário, o presidente da Câmara repete o mesmo método: apresenta o projeto original, aguarda o acréscimo de emendas e vota o texto novamente.
Até isso desaguou no Judiciário. Parlamentares questionaram, na semana passada, a votação da PEC dos Precatórios. Na ação que também será relatada por Rosa Weber, argumentam que a repetição de votação imposta por Lira infringe regras da Câmara, além da Constituição.
Também questionam alguns dos 312 votos dados na sessão que aprovou em primeiro turno o texto que permite ao Executivo estourar o teto de gastos. Os deputados afirmam que alguns colegas não poderiam ter votado por estarem em missão no exterior.
E a OAB, mesmo sem atuar diretamente nesse cerco, divulgou "análise técnica" em que apresenta argumentos para a derrubada da PEC dos precatórios. No documento assinado por Felipe Santa Cruz (rival da família Bolsonaro), é mencionado que o calote nos precatórios afronta à separação dos poderes por ser uma atuação do Legislativo em decisões judiciais que deveriam ser cumpridas.
O argumento parece encontrar eco nas recentes declarações de Luiz Fux. O presidente do STF afirmou recentemente que "não é um problema nosso", em referência ao Judiciário, o alto valor devido pelo Executivo com precatórios e o teto de gastos.
“No momento em que a aquela condenação for transitada em julgado e for expedido o precatório, o poder público vai ver o que fazer. Mas isso não é um problema nosso, efetivamente não é problema nosso”, afirmou Fux em Recife, na sexta (5).
Agora, a continuidade ou não emendas de relator dependerá do STF, que analisa o tema a partir de amanhã. O julgamento, que será realizado no plenário virtual da corte, terminará no fim de quarta-feira (10).
Investigação sobre golpe mostra fragilidade do sistema de validação de linhas telefônicas
Leia MaisEx-vice-presidente da Caixa é demitido do serviço público por justa causa por assédio sexual e moral
Leia MaisEm ação antitruste, Departamento de Justiça dos EUA quer que empresa venda o navegador Chrome
Leia MaisGoverno de Alagoas abate quase metade da dívida da usina falida e procuradores levam comissão de 20%
Leia MaisEm nova ação contra a Lava Jato, Toffoli retira sigilo de caso de gravação de conversas do doleiro
Leia MaisProcuradores da PGFN mudam postura e estendem prazo para análise de desconto em dívida da Laginha
Leia MaisBradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha
Leia MaisProcuradores dos EUA avançam criminalmente contra bilionário amigo de Modi após ataque da Hindenburg
Leia MaisConselho Nacional de Justiça aposentou desembargadora envolvida em venda de sentenças
Leia MaisInvestigações tentam encontrar laços de militares que queriam matar Lula com o 8 de janeiro
Leia MaisMilitares e um agente da PF presos queriam matar Lula e Alckmin; Moraes também era alvo do grupo
Leia MaisO mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF
Leia MaisOperação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos
Leia MaisInvestigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin
Leia MaisSenacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.
Leia Mais