Mais presos na investigação do Midas

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram nesta segunda-feira (23), a segunda fase da operação Overclean, desdobramento da investigação sobre uma organização criminosa que a polícia afirma ser chefiada pelo empresário Marcos Moura, o Rei do Lixo da Bahia e integrante da Executiva Nacional do União Brasil.

Como mostrou o Bastidor, Moura é tão bem relacionado que faz Brasília tremer na semana passada, enquanto esteve preso. É amigo de ACM Neto, vice-presidente do União Brasil, e figura proeminente na cena política nacional.

Estão sendo cumpridos nesta segunda 10 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva, em Brasília, Salvador, Lauro de Freitas (BA) e Vitória da Conquista (BA). Dentre os presos está o vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro. Também foram detidos o secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista, Lucas Moreira Martins Dias, o ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória Carlos André de Brito Coelho.

Outro detido é o policial federal Rogério Magno Almeida Medeiros, que trabalhou no governo Rui Costa como chefe da Superintendência de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia até 2020. Ele é suspeito de trabalhar como informante do grupo, um infiltrado que passava informações sobre possíveis investigações.

Além dos detidos, a servidora da Prefeitura de Vitória da Conquista Lara Betânia Lélis Oliveira foi afastada dos funções. A Justiça bloqueou 4,7 milhões de reais dos alvos por suspeita de participação em organização criminosa especializada em fraudar licitações e lavar de dinheiro.

A Polícia Federal afirma que a organização movimentou cerca de 1,4 bilhão de reais por meio de desvios de dinheiro público vindo de contratos com prefeituras e com o DNOCS (Departamento Nacional de Combate à Seca), abastecidos por emendas parlamentares. O grupo tinha contratos públicos na Bahia, no Rio de Janeiro, no Amapá, no Tocantins e em Goiás.

Não é à toa que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, cita "malas de dinheiro sendo apreendidas em aviões, cofres, armários ou jogadas por janelas, em face de seguidas operações policiais e do Ministério Público" em sua ordem para brecar o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas parlamentares, emitida nesta segunda-feira.

Esse fatos ocorreram na primeira fase da operação Overclean, no dia 10. A PF apreendeu 1,5 milhão de reais em dinheiro vivo em um avião que ia de Salvador a Brasília. O vôo era organizado por Marcos Moura. No mesmo dia, o vereador Francisco Nascimento, de Campo Formoso (BA), jogou pela janela uma sacola com 220 mil reais ao ser preso. Ele é primo do deputado Elmar Nascimento, companheiro de Moura no União Brasil.

Marcos de Moura e mais 16 colegas foram presos na primeira fase da Overclean, no dia 10. Todos foram soltos no dia 19, por uma decisão da desembargadora Daniele desembargadora Daniele Maranhão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que disputa a nomeação de Lula para se tornar ministra do Superior Tribunal de Justiça.