Corintianos da Copape

Alisson Matos
Publicada em 26/05/2025 às 06:00
O contrato master de licenciamento foi assinado por Andres Sanchez e mantido pelos presidentes Duílio Monteiro Ales (esquerda) e Augusto Melo (direita) Foto: Divulgação

Três postos de combustíveis que usam a marca Corinthians, localizados na zona leste de São Paulo, são suspeitos de serem usados como braço financeiro do crime organizado no mercado de combustíveis.

Dois deles pertencem formalmente a Luiz Ernesto Franco Monegatto. De acordo com documentos obtidos pelo Bastidor, o empresário fez parte do grupo de comando da Copape, empresa de petróleo e gás natural suspeita de ter relação com a facção criminosa PCC e que foi alvo do Ministério Público de São Paulo por fraude e sonegação de impostos.

A Copape está impedida de operar desde julho de 2024 após decisão da Agência Nacional de Petróleo, a ANP. A empresa tenta na Justiça, ainda sem sucesso, revogar a determinação do órgão. Somente na esfera administrativa, a Copape é acusada de infringir regras na comercialização, no exercício da atividade e no armazenamento de combustível.

Monegatto, dono do Auto Posto Timão e do Auto Posto Mega Líder, foi o titular responsável pela ICE Química. A empresa, que tem como principal atividade o comércio atacadista de produtos químicos e petroquímicos, faz parte do grupo Copape. As informações constam em pareceres e notas técnicas da ANP. O Bastidor teve acesso aos documentos.

Segundo os registros, Monegatto também foi diretor na GASP Participações e Investimentos S.A., controladora da Copape e da distribuidora Aster, outra empresa do mesmo grupo.

A ANP diz que a Aster, a Copape e a Ice Química “mantêm relações estreitas, demonstrando uma rede de interações societárias”. De acordo com o órgão, “a relação é evidenciada pelos vínculos compartilhados entre os principais executivos e as estruturas de controle, destacando a importância de uma análise aprofundada para entender a interdependência e a governança corporativa dentro deste grupo de empresas”.

Há um terceiro posto que faz parte da rede Corinthians, o Auto Posto Rivelino LTDA. Também na zona leste da capital paulista, esse aparece nos nomes de Pedro Furtado Gouveia Neto e da GGX Global Participações.

A GGX aparece, em alguns postos de combustíveis, como sócia de Himad Abdallah Mourad. Ele é irmão de Mohamad Hussein Mourad, responsável por mais de 50 postos de gasolina e de empresas do setor que estariam em nome de laranjas, conforme mostrou o Bastidor em agosto do ano passado. Mohamad hoje se diz consultor da Copape, mas investigadores em São Paulo o colocam como um dos donos.

Investigações baseadas em informações do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, mostram que um esquema de sonegação de impostos feitos pelo grupo Copape abasteceu contas bancárias mantidas por pessoas ligadas a Mohamad. Só a esposa dele, Silvana Correa, teria movimentado mais de 210 milhões de reais em seis anos.

O contrato de licenciamento da marca Corinthians foi assinado na gestão de Andrés Sanchez e mantido nos mandatos seguintes de Duílio Monteiro Alves e, agora, Augusto Melo.

No perfil do Posto Corinthians no Instagram, não há distinção entre os três estabelecimentos. Todos fazem parte da mesma marca. Os três endereços aparecem como opção para os torcedores: nas avenidas Líder, São Miguel e Padre Estanislau.

A diretoria do Corinthians confirma que o clube “possui um contrato de licenciamento de marca para postos de gasolina, cujo contrato master foi assinado em 20/01/2020”.  Disse ainda que desconhece qualquer irregularidade relacionada ao acordo e que o contrato inclui cláusulas de práticas anticorrupção, que resguardam o Corinthians de eventuais condutas irregulares.

O Bastidor entrou em contato com um número de telefone do Posto Corinthians. O interlocutor, que não se identificou, diz desconhecer qualquer relação com a Copape. Afirmou que “os postos só estão nesse nome por transição, mas já foram vendidos”. Questionado sobre quem seriam os novos donos, não houve resposta.

A reportagem não conseguiu falar com Luiz Ernesto Franco Monegatto e Pedro Furtado Gouveia Neto.

O Corinthians vive um momento político interno conturbado e de suspeitas na área financeira. Foi abalado na quinta-feira (22) por um episódio que aproxima o patrocínio do time a conexões do crime organizado. A Polícia Civil indiciou o presidente do clube, Augusto Melo, e mais três pessoas pelos crimes de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

De acordo com a investigação, parte da comissão paga pela casa de apostas Vai de Bet para estampar seu nome na camisa do time foi parar na conta da empresa UJ Football Talent Intermediação Ltda, considerada pelas autoridades um braço do PCC para atuar no futebol.

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