Ajuda ao adversário
O pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para que o Supremo Tribunal Federal abra um inquérito para investigar a conduta do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos é um presente para a família Bolsonaro e um problema para o governo Lula e o Supremo.
Do ponto de vista jurídico, Gonet está correto. Recebeu um pedido da liderança do PT na Câmara para investigar a conduta de Eduardo, enxergou relevância e, por Eduardo ser deputado, fez a consulta ao Supremo. Do ponto de vista estratégico, no entanto, uma inocência do PT pode fazer resultar em atos de Estado em favor de Bolsonaro e contra o país.
Mas, ao fazer isso, Gonet dá aos Bolsonaro e ao governo americano um poderoso argumento de que autoridades brasileiras perseguem Jair Bolsonaro. Também coloca Moraes numa situação difícil: se aceitar o pedido, poderá soar como provocação pessoal ao governo Trump, que já o ameaça com sanções devido a decisões tomadas contra as big techs.
O momento é delicado. O Brasil está onde sempre esteve, na periferia dos interesses americanos. Mas, na semana passada, o governo Trump tomou quatro atitudes que mostram que está disposto a intimidar o Brasil.
O secretário de Estado, Marco Rubio, disse que pode adotar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Indicou também interesse dos Estados Unidos no excedente de energia produzido pela usina de Itaipu para alimentar data centers de empresas de inteligência artificial. Hoje, o Paraguai vende sua parte excedente apenas ao Brasil.
O governo americano vazou para o jornal The New York Times uma investigação que mostra que o Brasil foi usado pela Rússia como um berçário para espiões. Sem avisar o governo Lula, a embaixada dos Estados Unidos em Brasília anunciou que pagará recompensa de até US$ 10 milhões por informações que ajudem a cortar o financiamento ao Hezbollah na região da Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai.
Jair Bolsonaro é um pretexto interessante para o governo Trump intimidar o Brasil em questões maiores, ligadas a negócios das big techs, a geopolítica da América Latina e outros interesses comerciais. Se a PGR e o Supremo ajudarem, podem facilitar para Trump e dificultar suas próprias vidas e a do governo Lula.
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