O plano B da Copape

Leandro Loyola
Publicada em 13/11/2024 às 18:05
A Copape poderá ampliar instalação, mas segue proibida de formular combustíveis Foto: Reprodução

No dia 11, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovou um pedido da Copape para ampliar uma instalação em Osasco (SP). A concessão não muda a situação da empresa, proibida pela ANP de distribuir combustíveis e investigada pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital, a maior facção criminosa do país.

A licença foi concedida para uma planta destinada apenas a armazenagem de combustíveis. Em sua unidade original, em Guarulhos (SP), muito maior, a Copape tinha autorização para formular combustíveis. A concessão, portanto, não permite que a Copape volte a operar como antes.

Mas permite, por exemplo, que a empresa amplie a operação de importação e venda de diesel, que retomou há dois meses. Em setembro, a empresa movimentou 18 milhões de litros de diesel. É o plano B da Copape.

A licença de ampliação foi dada pela ANP a uma empresa chamada Sudeste Terminais e Armazéns Gerais, não à Copape. A área em Osasco também não é oficialmente da Copape. Mas tudo remete ao mesmo grupo.

A Sudeste Terminais tem como beneficiária a Reag Investimentos, administradora sempre presente em negócios do grupo da Copape. A Reag administra um fundo de investimentos chamado Los Angeles 01, que alugou a área em Osasco por 57 mil reais para a GT Formuladora, de Himad Abdalla Mourad, irmão de Mohamad Hussein Mourad, dono da Copape.

Outro fundo da Reag, chamado Location, recorreu na semana passada ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) contra a decisão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) que suspendeu a licença de funcionamento da Copape. O Location diz ser titular de ativos financeiros da empresa, sem dar detalhes. É comum o uso de fundos de investimento para ocultar sócios de empresas.

A ANP revogou a concessão de funcionamento da Copape em julho, depois que a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público de São Paulo contra os donos da empresa, Mohamad Mourad e Renato Camargo, por suspeita de lavagem de dinheiro. 

O MP acusa a Copape e a Áster, empresa do mesmo grupo, de sonegarem cerca de 1 bilhão de reais em impostos. A empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, que foi negado.

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