Guedes terá que se reportar a ex-subordinado na gestão do Orçamento

Samuel Nunes
Publicada em 24/01/2022 às 18:00
Para se manter no cargo, Guedes precisará fingir de novo que não há nada de errado Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Paulo Guedes precisará de uma dose extra de resiliência para exercer a função que Jair Bolsonaro lhe concedeu, de poder alterar o Orçamento e incluir gastos não previstos na LOA. O novo poder do ministro da Economia é limitado pela necessidade de aprovação prévia da Casa Civil. 

O secretário de Assuntos Estratégicos da Casa Civil, Bruno César Grossi de Souza, funcionário concursado do Ministério da Economia, seria, sob condições normais, subordinado a Guedes, mas o cargo comissionado que ocupa responde diretamente a Ciro Nogueira.

No dia 12 de janeiro, Bolsonaro concedeu o poder extra a Guedes, mas determinou que tudo precisaria passar pela aprovação da Casa Civil. Oito dias depois, Ciro Nogueira delegou a função de avaliar as propostas vindas da Economia a Souza. 

Além de ter que se submeter a um ex-subordinado, o ministro da Economia receberá os relatórios de um secretário que não tem status de ministro de Estado. No meio político, isso significa ter que se “rebaixar” a um subalterno para conseguir o que quer. É quase uma afronta ao poder de Guedes.

O Bastidor já mostrou que o perfil de Souza é de um funcionário técnico, com alto grau de confiança por parte de Bolsonaro. Ele já atuou na Secretaria de Assuntos Estratégicos, órgão vinculado à Secretaria-Geral da Presidência. Entrou na administração federal em 1998, sempre atuando em questões relacionadas ao Orçamento. Bolsonaro é o quinto presidente a quem se reporta.

A mudança, portanto, traz muitos benefícios a Ciro Nogueira. Embora ele seja o responsável pelas decisões nos bastidores, quem assinará os documentos será Souza. Com isso, ele evita desgaste direto com Guedes e outros políticos que possam ser prejudicados por decisões do secretário.

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