Lá vem a boiada
O lobista João Augusto Rezende Henriques e o operador Lúcio Funaro decidiram tentar a sorte na porteira aberta pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e mantida pelo ministro Dias Toffoli. Os dois entraram com pedidos de anulação das acusações a que respondem na operação Lava Jato; querem a mesma benesse obtida pela J&F e pela Odebrecht.
Henriques foi apontado pelos investigadores de Curitiba como o operador financeiro do MDB, no esquema de propinas da Petrobras. Ex-funcionário da estatal, atuava como consultor e lobista no setor de óleo e gás.
Em setembro de 2015, em depoimento à Polícia Federal, Henriques admitiu ter feito um pagamento de 15 milhões de dólares ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O valor seria uma propina referente à aquisição de um campo de petróleo em Benin, feita pela Petrobras. O ex-deputado sempre negou a acusação.
Na peça enviada ao STF, a esposa e advogada de Henriques levanta uma série de teses - nunca completamente comprovadas - não só sobre o conluio entre o então juiz Sergio Moro e os membros da força-tarefa da Lava Jato, mas também sobre a suposta ajuda e treinamento que eles teriam recebido de autoridades dos Estados Unidos.
Diferentemente da J&F e da Odebrecht, a defesa de Henriques não solicitou acesso às provas da operação Spoofing, que comprovariam o conluio das autoridades paranaenses.
Henriques não é o primeiro a pedir a anulação das acusações. No mesmo dia em que ele fez a solicitação, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, também apresentou solicitação semelhante ao STF. Ele era um dos delatores, cujo depoimento foi crucial para garantir a condenação do presidente Lula, no processo do triplex.
Tudo isso aconteceu no mesmo dia em que Toffoli suspendeu o pagamento da multa do acordo de leniência da Odebrecht. Já nesta sexta-feira (2) foi a vez de o delator, Lúcio Funaro, solicitar o acesso às provas da Spoofing. No caso dele, porém, não houve pedido de anulação das penas.
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