De olho na novata

Brenno Grillo
Publicada em 27/03/2024 às 10:00
Filha de Eduardo Cunha, deputada Dani Cunha relata projeto delicado da lei de falências Foto: Facebook/Reprodução

Veteranos do Congresso estão de olho na deputada federal Dani Cunha, do União Brasil do Rio. Afirmam que ela tem recebido incumbências normalmente não delegadas a parlamentares de primeira legislatura e tentado se aproximar dos colegas se colocando como defensora dos congressistas.

Mesmo sendo parlamentar de primeiro mandato, Dani é relatora do sensível projeto de lei que altera a Lei de Recuperação Judicial e Falências. O tema é caro ao governo e ao Congresso, pois afeta toda a economia.

A concessão da missão à deputada é creditada à influência de seu pai, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Mesmo sem mandato, Cunha passa vários dias em Brasília. Não é incomum vê-lo no B Hotel - onde ficam hospedados os principais políticos e empresários - em cafés da manhã longuíssimos. Está sempre na mesma mesa, ao fundo do salão do buffet, cercado por muitas pessoas, enquanto outras esperam sua vez.

O texto proposto por Dani, com apoio do governo, ajuda bastante os maiores bancos do país e os credores da Oi. As instituições financeiras ganham mais poder com as alterações da lei porque a escolha dos gestores de empresas falidas precisa da maioria, na assembleia geral, em valores e número de credores. Um é praticamente impossível sem o outro em muitos processos grandes.

Já o caso da Oi, citado nominalmente no relatório de Dani, é afetado porque as mudanças proíbem novos pedidos de recuperação judicial envolvendo empresas recuperandas de abarcarem créditos de procedimentos anteriores. Assim, cada grupo de dívidas deve ser negociada separadamente. A companhia de telefonia está no segundo plano de recuperação judicial em menos de 10 anos.

Cunha, o pai, tem uma longeva ligação com o setor de telecomunicações, desde que começou sua carreira na Telerj na década de 1990. Cunha também era ligado ao setor bancário, tanto que uma das acusações da Lava Jato é que ele recebe propina do BTG - um dos maiores detentores de créditos judiciais do país.

A deputada Dani Cunha também é autora do PL que ficou conhecido pelo seu próprio nome. O texto blindar políticos. Um dos trechos do texto, aprovado na Câmara com apoio do PT, proíbe bancos de recusarem a abertura de contas bancárias para políticos e seus parentes.

O texto está parado no Senado após as muitas críticas ao privilégio. Mas Dani não desistiu. Pediu ao STF que obrigue os senadores a analisarem o tema.

Apesar de iniciante no Congresso, Dani é experiente nas agruras da vida pública que acometem alguns colegas e aingiram até seu pai. Antes de ser eleita, Dani foi investigada na Lava Jato por participações que detinha em contas não declaradas no exterior. Foi pega numa quebra de sigilo da Polícia Federal se lamuriando por não ter dinheiro para comprar tudo o que queria.

“Oi Dad, mesmo eu indo viajar, infelizmente não tenho cacife para comprar tudo que eu gostaria. Fiz uma listinha do que eu gostaria que você trouxesse”, disse Danielle, num e-mail ao pai.

Pediu um “creme clean and Clear all about eyes (2 do tamanho maior), bolsa Balenciaga preta (igual a que eu tenho só que em preto), óculos Rayban Wayfarer cor preta, Sapatilha Tory Burch um tamanho acima do que a Claudia calça preta, (video game) Wii Fit”.

À época com 22 anos, a furura deputada também queria do pai "camisas pólo da Ralph Lauren", "um trenchcoat da Burberry”e um "Itrip para carro que é o acessório para se ouvir Ipod no carro”.

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