Campeonato de manifestação
A convocação de manifestações simultâneas nas 27 capitais para o dia 23 de março por organizações de esquerda pode ser um sinal de vitalidade para seus mobilizadores, mas é de pouca utilidade para o governo Lula. Não há nenhum problema no governo que multidões na rua possam ajudar o governo a resolver.
As manifestações são uma resposta quase imediata ao ato de apoio convocado por Jair Bolsonaro e realizado no domingo. A ideia é superar a mobilização não só em número de pessoas, como fazer por todo o país, para demonstrar mais força.
Até agora, a pauta das manifestações é pedir a prisão de Bolsonaro e dar apoio ao povo palestino. Se o ato em defesa de Bolsonaro era inócuo do ponto de vista judicial, o mesmo vale para o plano da esquerda.
Milhares de pessoas nas ruas vestidas de amarelo não têm nenhuma capacidade de parar as investigações da Polícia Federal no inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre a tentativa de golpe militar. Milhares de pessoas vestidas de outras cores não têm nenhuma influência sobre a polícia e o Supremo para produzir provas, denunciar, julgar, condenar e prender Bolsonaro. Do ponto de vista judicial, o ato da esquerda terá a mesma inutilidade do ato da direita.
Demonstrar força contra a direita também não parece ser uma necessidade. O ato em favor de Bolsonaro foi grande, mas não influenciou em nada a rotina do governo, não há qualquer pressão extra sobre Lula ou seus ministros, a oposição bolsonarista não ficou mais forte de domingo para cá.
O governo Lula não tem um cenário ruim no momento, nem está sob pressão. O país cresceu perto de 3% no ano passado; a popularidade de Lula estava em 36% de ótimo/bom e 29% de ruim no final do ano, na última pesquisa Genial/Quaest; não há uma crise com o Congresso.
Governos gostam de tranquilidade; agitação é coisa para a campanha eleitoral que começa em julho. Uma manifestação da esquerda, em resposta à de Bolsonaro, ajuda militantes a se firmarem como bons de mobilização ou a acreditarem que são maioria no país - algo que o resultado da eleição e as pesquisas mais recentes confirmam.
Um campeonato de quem bota mais gente na rua é uma vitória mais do bolsonarismo que da esquerda – afinal, é ele quem está fora do governo, sem a ajuda do Gabinete do Ódio, com uma bancada parlamentar que pouco atrapalha o governo Lula e precisa de exposição para a campanha eleitoral, para tentar desgastar o presidente.
Ao preço desta quarta, colocar gente na rua para responder aos bolsonaristas que acreditam que Israel é um país cristão pode ser mais uma forma de a esquerda dar força à oposição, que hoje vive mais de pegar carona no Centrão, do que ajudar Lula. O governo mesmo não está precisando de nada disso.
Bancos repassam 18 milhões das contas da Starlink no Brasil à União por multas aplicadas ao X
Leia MaisSTF toma decisões contra criminalidade para tentar desfazer imagem negativa na sociedade.
Leia MaisJuiz rejeita denúncia do MP do Rio, que livrou Carlos de ser investigado por esquema de rachadinha
Leia MaisJuíza Andrea Palma decidirá sobre pedido de recuperação judicial de empresas ligadas ao PCC
Leia MaisA manobra da Copape
Empresas investigadas por ligação com PCC tentam voltar ao mercado mediante recuperação judicial.
Leia MaisAgora com plenário virtual transparente, STJ convocará 100 juízes para ajudar em processos criminais
Leia MaisLira tenta convencer Elmar a não insistir na oposição a Hugo Motta; vaga no TCU foi oferecida
Leia MaisAndré Janones é indiciado por "rachadinha"; Carlos Bolsonaro se livra das acusações
Leia MaisPGR diz que pedido do Novo para liberação do X no Brasil não deve ser conhecido por Nunes Marques.
Leia MaisPaulo Pimenta reassume a Secom, e Palácio Piratini pode estar mais distante
Leia MaisBolsonaro se irrita com postura do coach no 7 de setembro e passa a disparar vídeos críticos a ele.
Leia MaisDe favorito de Lira, deputado viu em poucos dias o seu prestígio declinar
Leia MaisDesde que chegou ao Supremo, Flávio Dino joga junto com o governo ao qual pertencia.
Leia MaisCCJ encerra discussões sobre PEC das decisões monocráticas, mas adia votação de relatório.
Leia MaisSuperior Tribunal de Justiça decide não ser mais possível discutir privatização da Vale.
Leia Mais