O Abin paralelo
Além de consultor para temas golpistas, a caixa de emails de Alexandre Ramagem, deputado federal pelo PL, mostra que, como diretor daAgência Brasileira de Inteligência, ele trabalhou para recrutar um servidor público estadual do Rio de Janeiro para obter informações sobre Wilson Witzel, então governador e adversário de Bolsonaro.
Segundo Bolsonaro, Witzel o chantageava: pedira para indicar um ministro do Supremo Tribunal Federal para trancar a investigação de seu filho, Flávio Bolsonaro, no Ministério Público Estadual do Rio por suspeita de manter um esquema de rachadinha em seu gabinete quando era deputado estadual.
Ramagem é investigado como suspeito de exercer um papel de comando em um esquema ilegal de espionagem e perseguição de adversários políticos de Bolsonaro por meio de operações informais da Abin, como contou o Bastidor.
No arquivo "Análise Primeiro Contato.docx", foi relatada uma "entrevista" com um informante, à época assessor do gabinete do então vice-governador do Rio, Claudio Castro. O objetivo era obter informações sobre o então governador Witzel e bastidores da investigação no Ministério Público do Rio de Janeiro envolvendo Flávio Bolsonaro.
Em troca, o colaborador ganhou um cargo na gestão federal, nomeado para o gabinete da Presidência da República no Rio de Janeiro.
Esse informante ainda teria relatado que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, “iria assinar um acordo de delação envolvendo o nome do presidente Bolsonaro e seus familiares”, mas que “não apresentou nenhuma evidência concreta”.
Ao ser questionado pela PF se era comum na Abin o pagamento de fontes humanas por meio de cargos públicos federais, Ramagem respondeu que não tinha conhecimento e que não atuava no recrutamento de informantes na agência.
Blindagem do 01 e do 04
No depoimento, Ramagem também foi questionado sobre a reunião realizada no Palácio do Planalto com as advogadas do senador e filho do ex-presidente Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, gravada de forma clandestina. O encontro teve a participação das advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e Ramagem, então diretor da Abin, subordinado a Heleno.
A gravação que teve o sigilo levantado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, mostra que as advogadas defenderam que a melhor estratégia para o caso de Flávio era provar que a investigação que produziu o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) era irregular. Para isso, era necessário obter uma prova. Bolsonaro menciona acionar a Receita Federal e o Serpro.
Ramagem reiterou que “foi acordado com o então presidente da República de gravar a reunião para funcionar como prova, se houvesse alguma proposta ilícita”. O ex-chefe da Abin negou ter dado orientações para a defesa de Flávio Bolsonaro. Disse que “apenas opinou sobre o caminho regular para uma apuração na administração pública”.
Quanto à investigação do sócio de Jair Renan Bolsonaro, Allan Lucena, Ramagem disse à PF que “não se recorda quem determinou a referida diligência” e que não foi determinado para o agente que entrasse no edifício, “sim que fizesse apenas uma vigilância”.
Jair Renan foi investigado por suspeita de tráfico de influência, por ter intermediado encontro de empresários com integrantes do governo, em troca de um automóvel elétrico. A investigação foi arquivada um ano depois.
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