O grande irmão bolsonarista

Brenno Grillo
Publicada em 11/07/2024 às 15:26
Segundo a PF, a arapongagem que durou de 2019 a 2022 municiou perfis nas redes sociais para minar a democracia. Foto: Reprodução

O relatório da Polícia Federal tornado público nesta quinta-feira (11) mostra que agentes da Abin ligados à família Bolsonaro investigaram críticos do governo e usavam as informações obtidas ilegalmente para atacar adversários políticos.

Segundo a PF, o esquema, que durou de 2019 a 2022, monitorou adversários e municiou perfis nas redes sociais para atacar políticos, ministros do Supremo, ativistas e jornalistas.

As informações eram obtidas mediante o sistema israelense FirstMile. Ele permite localizar um telefone celular a partir do número e monitorar seu deslocamento. Obtém, portanto, os metadados do celular.

Dentre os alvos mais conhecidos estão o presidente da Câmara, Arthur Lira, os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Luiz Fux; os senadores Sergio Moro, Omar Aziz, Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Alessandro Vieira e Humberto Costa; os deputados Rodrigo Maia, Joice Hasselmann e Marcelo Ramos; o governador João Doria, os jornalistas Reinaldo Azevedo e Vera Magalhães, e o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, além da família Marinho, do Instituto Sou da Paz e do site Sleeping Giants Brasil.

As principais provas apresentadas pela Polícia Federal são conversas no WhatsApp e nas redes sociais, e afetam diretamente os quatro presos na operação desta quinta-feira: agente da PF Marcelo Araújo Bormevet, o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, Richards Pozzer e o ex-assessor da Secom Mateus Spósito. As evidências apontam ainda que tudo era feito sob o controle de Alexandre Ramagem, que chegou a pedir levantamento de informações para ajudar Jair Renan Bolsonaro a escapar de uma investigação.

As informações eram produzidas no que ficou conhecido como "gabinete do ódio", um conjunto de poucos assessores que tinham acesso direto a Bolsonaro e a seu filho Carlos Bolsonaro, responsável pelas redes sociais do pai.

Numa das mais contundentes evidências do uso ilegal da Abin, a PF cita que Ramagem gravou reunião que teve com o ex-presidente e o general Augusto Heleno para sabotar a investigação sobre as rachadinhas de Flávio Bolsonaro, quando o senador era deputado estadual no Rio de Janeiro.

O áudio, com uma hora e oito minutos de duração, não é totalmente detalhado no relatório. O trecho relatado coloca Ramagem como consultor de Bolsonaro e Heleno. O deputado federal suger abrir um processo administrativo contra os três fiscais do caso de Flávio e a realocação de outros profissionais da Receita Federal.

O trio de servidores - que foi investigado pela Abin Paralela - respondeu ao PAD e houve uma troca de posições dentro da Receita. Os metadados do arquivam datam de 25 de agosto de 2020, as mudanças dentro do órgão foram divulgadas em fevereiro de 2021.

Outra ligação indireta envolve os irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro. O primeiro teve seu perfil marcado em postagens nas redes sociais que surgiram a partir de investigações usando o aparato do Estado que deveria servir para a segurança nacional. Já o segundo replicou, em algumas ocasiões, postagens distorcidas produzidas pelo grupo.

Para a PF, a Abin paralela não serviu apenas para blindar o ex-presidente e seus familiares, mas também para espalhar negacionismo científico durante a pandemia e fomentar a animosidade entre as Forças Armadas e os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Dois minutos de ódio

As conversas dos quatro presos na operação de hoje mostram que eles atuavam não só por ascensão profissional ou política junto à família do ex-presidente. Eles parecem acreditar no discurso de Bolsonaro, de que a elite política estaria contra um 'governo do cidadão de bem'.

No trecho mais preocupante, Giancarlo e Bormevet falam em matar o ministro Alexandre de Moraes, que comanda os inquéritos que incomodam Bolsonaro. Os envolvidos chegaram a dizer que Moraes teria passado dos limites com suas decisões e que apenas um "head shot" (tiro na cabeça, em tradução literal), com uma arma de calibre 7.62, resolveria o problema, já que o Senado não iniciara um processo e impeachment contra o ministro.

A vontade de matar o ministro é explicada pelas investigações contra a Abin paralela. As apurações atrapalharam o trabalho do autodenominado "grupo dos malucos", principalmente quando restringiram o acesso ao sistema de arapongagem.

Mesmo assim, os investigados tinham certeza de que conseguiriam abafar as investigações no Congresso, para onde Ramagem foi ao se eleger deputado federal em 2022. Ramagem é pré-candidato a prefeito do Rio pelo PL.

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