As altas taxas de adesão dos deputados do PDT ao governo Bolsonaro

O discurso é de oposição. Mas, na prática, a bancada do PDT está nas tabelas da articulação política do governo e com taxas de fidelidade dignas de base aliada. A votação da PEC dos Precatórios, na qual 15 dos 24 deputados do partido votaram com o governo, só iluminou o jogo duplo da legenda.

Apesar da indignação e da dita surpresa de Ciro Gomes na votação de proposta, a ponto de suspender sua pré-candidatura a presidente da República, o posicionamento de parte da bancada do PDT, cuja fidelidade é digna de base governista, segundo a articulação política do governo, nunca foi segredo.

O deputado Eduardo Bismarck, segundo tabelas do governo, tem fidelidade de 83%. Quando se trata de pauta econômicas, seu alinhamento supera os 90%.

Como consequência, Bismarck não se constrange de pedir seu quinhão nas emendas. Graças ao seu alinhamento, o parlamentar conseguiu liberar, sem muita dificuldade, no fim do ano passado, verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para cidades do Ceará, sua base eleitoral.

Outro parlamentar do PDT dono de uma taxa de fidelidade de 78% é Alex Santana, da Bahia. Santana é evangélico e se alinha ao governo em pautas para além das econômicas. O deputado, inclusive, já acompanhou o presidente Jair Bolsonaro em viagens pelo estado.

Em 2020, o parlamentar recebeu de emendas 15 milhões de reais. A conta não deve ser muito diferente em 2021.

Flávio Nogueira, do Piauí, possui uma taxa de adesão de 90%. A exemplo de seus colegas, as portas do governo estão abertas, inclusive para agendas ocultas para evitar constrangimento, e suas demandas sempre são atendidas.

Os três citados como exemplo votaram com o governo na PEC dos Precatórios. Eles não são uma exceção dentro da bancada, embora o discurso de Ciro Gomes e do presidente do partido, Carlos Lupi, seja o de surpresa e suposta indignação.