Exclusivo

A copeira de 120 milhões

Alisson Matos
Publicada em 21/09/2023 às 11:00
André notabilizou-se ao firmar o “quinto maior acordo da história” em uma ação contra a Petrobras Foto: Almeida Advogados/Divulgação

Uma ex-copeira do escritório de advocacia Almeida Advogados afirma em ações na Justiça ter sido usada como laranja pelo CEO da empresa, André de Almeida Rodrigues, em 46 empresas e offshores do doleiro Lúcio Bolonha Funaro. Algumas dessas empresas, segundo investigações da Lava Jato e a própria colaboração premiada de Funaro, foram usadas como veículos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a políticos e funcionários públicos. O escritório de André de Almeida e o advogado ganharam fama ao ingressar com ação coletiva em Nova York contra a Petrobras, em razão dos prejuízos causados a investidores da companhia pelos casos de corrupção descobertos na Lava Jato.

O Bastidor teve acesso com exclusividade às ações impetradas pela ex-funcionária no Tribunal de Justiça de São Paulo e na Justiça do Trabalho do estado. Nas peças, Sildenisia Ferraz de Lima afirma ter assinado procurações e documentos societários nos 16 anos em que trabalhou no escritório. Disse ter agido assim por confiar no advogado André de Almeida. Segundo depoimento dela à Polícia, os papéis eram apresentados diretamente pelo advogado. Sildenisia assegura que não sabia do teor da papelada.

A copeira diz ter descoberto que era vítima somente em 2017, quando foi surpreendida em casa por agentes das polícias Federal e Civil em meio a investigações das operações Lava Jato e Barão de Gatuno. Admitiu o que sabia às autoridades e, ato contínuo, foi demitida do escritório por justa causa. Para comprovar o vínculo com o escritório, a ex-funcionária anexou sua carteira de trabalho aos autos dos processos. Também apresentou cópias de documentos da Receita Federal, nos quais aparece como sócia ou ex-sócia das 46 empresas. A defesa da copeira diz que, se ela tivesse sido administradora ou sócia de todas essas empresas, no decorrer de tantos anos, teria recebido, por baixo, cerca de 122 milhões de reais. Pede indenização a ela de 6 milhões de reais por danos morais. Na Justiça do Trabalho, requer 452 mil reais.

André de Almeida, o ex-patrão de Sildenisia, é um advogado cada vez mais relevante no mercado financeiro e em causas envolvendo grandes empresas. Atua em operações de aquisições e incorporações para grandes bancos, como Goldman Sachs e Barclays. Também participa de reestruturações, como a da Sadia. Além da ação coletiva contra a Petrobras, participou de casos relacionados à Oi. Em entrevista recente, afirmou ter sido procurado por fundos e investidores para mover ações contra as Americanas.

No processo contra André de Almeida, Sildenisia acusa o ex-patrão de usá-la como instrumento “para dirigir manobras criminosas que interessavam ao Sr. Lúcio Funaro”. Funaro é velho conhecido da Justiça brasileira. Em 2005, no auge do mensalão, foi apontado como operador de Valdemar Costa Neto. Antes disso, já havia sido investigado no caso Banestado, em 2003.

O doleiro chegou a ser preso em 2016, alvo da operação Sepsis, um desdobramento da Lava Jato. Ele operava junto com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, então no MDB. Ele cumpriu pena em regime fechado e domiciliar.

Investigações da Polícia Federal apontaram que Funaro era operador financeiro de políticos do MDB. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal homologou seu acordo de delação premiada.

Na peça, a defesa de Sildenisia diz que “o Sr. Lúcio Funaro é proprietário de fato de todo o grupo empresarial, tal fato é facilmente constatado da análise das suas próprias declarações prestadas na delação premiada pactuada com a Procuradoria Geral da República”.

Sildenisia afirma que, apesar de ter sido demitida do escritório em 2018, ainda sofre com os reflexos das acusações. Ela responde a processos cíveis como devedora de quantias milionárias e uma de suas contas bancárias foi bloqueada por uma dívida de R$ 20 milhões contraída por uma das empresas de Funaro. Quando foi demitida do escritório, ganhava 3 mil reais pro mês.

Ao ser desligada da empresa, de acordo com a ação, a ex-funcionária tentou contato com André de Almeida para "entender melhor o que estava acontecendo". A defesa afirma que ele não a atendeu.

O Bastidor procurou o escritório Almeida Advogados e seu proprietário, André de Almeida, mas não obteve retorno. O advogado Guilherme de Carvalho Doval, que defende André e Funaro, também não respondeu. O Bastidor não conseguiu contato com Funaro.

Era manobra

21/11/2024 às 10:30

Procuradores da PGFN mudam postura e estendem prazo para análise de desconto em dívida da Laginha

Leia Mais

Contra o plano

21/11/2024 às 10:25

Bradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha

Leia Mais

O mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF

Leia Mais

Operação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos

Leia Mais

Investigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin

Leia Mais

Senacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.

Leia Mais

PF prende um dos seus e quatro militares suspeitos de planejar matar Lula, Alckmin e Moraes em 2022

Leia Mais

Na miúda, Anatel libera operadora a migrar de regime em acordo que custou 17 bilhões de reais

Leia Mais

Cade retira poderes da Paper Excellence para ditar os rumos da Eldorado Celulose, do Grupo J&F.

Leia Mais

Feira dos amigos

18/11/2024 às 13:05

Entidade escolhida sem seleção pública cuidou de organização de evento para 500 mil em Roraima

Leia Mais

Fica em Maceió

18/11/2024 às 11:47

A pedido de Kassio, PGR diz que falência da Laginha deve correr no TJ de Alagoas, não no Supremo

Leia Mais

Lula recebe líderes mundiais em um encontro esvaziado pela eleição de Donald Trump nos EUA

Leia Mais

Saldão a jato

17/11/2024 às 11:18

Juízes da Laginha remarcam assembleia de credores um dia após Kassio voltar atrás em suspensão dela

Leia Mais

O fundo perdido

15/11/2024 às 19:03

Juiz rejeita pedido de fundo de investimentos gerido pela Reag para derrubar decisão contra Copape

Leia Mais

Até no Cade

15/11/2024 às 10:25

Irmãos Batista acionam órgão antitruste na guerra com a Paper pelo controle da Eldorado Celulose

Leia Mais