Tem de haver apenas um

A principal mensagem da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (03) é que o presidente Lula e seu governo estão em seu pior momento. Sua sorte é que não há adversários na direita capazes de derrotá-lo. Ao menos por enquanto.

Se a eleição fosse hoje – será só daqui 20 meses, uma eternidade -, Lula venceria Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro, Pablo Marçal e Gusttavo Lima no segundo turno. Apesar de ter 49% de rejeição, um índice alto, Lula ainda é maior que qualquer um dos adversários.

A direita demonstra força e popularidade nas pesquisas de opinião feitas nos últimos anos, mas sua divisão reduz as chances de sucesso eleitoral. O único candidato da direita capaz de vencer Lula é o ex-presidente Jair Bolsonaro – que está inelegível e poderá estar condenado e preso em 2026. Todos os outros nomes da direita são menores que Bolsonaro.

O cenário completo mostra isso claramente: Lula teria 30% dos votos, o que é pouco para seu padrão. Atrás do presidente viriam Tarcísio de Freitas, com 13%, o cantor Gusttavo Lima com 12%, Pablo Marçal com 11%, Ciro Gomes com 9%, Romeu Zema com 3% e Ronaldo Caiado com 3%. Em outro cenário, colocado no lugar de Tarcísio, Eduardo Bolsonaro teria 11%.

O cantor sertanejo Gusttavo Lima é o destaque do momento. Num hipotético segundo turno contra Lula, Lima teria 35% das intenções de voto, contra 41% de Lula. É mais que todos os outros candidatos da direita: Eduardo Bolsonaro, Pablo Marçal e Tarcísio de Freitas teriam 34%; Romeu Zema teria 28%; e Ronaldo Caiado teria 26%.

Gusttavo Lima é favorecido pelo fato de ser um cantor famoso e por não ser político profissional. Tudo o que fez para conseguir notoriedade e aparecer na pesquisa foi ter sido lançado candidato nas redes sociais. É favorecido por sua fama. Ser candidato e enfrentar uma campanha é bem diferente. As confusões em que se meteu por envolvimento com casas de apostas, ainda que tenham sido arquivadas, também não contaram negativamente.

Lima pode aprender com o influencer Pablo Marçal. Favorecido pelo seu patrimônio de milhões de seguidores nas redes sociais, quase foi ao segundo turno da eleição municipal por ser um outsider mais radical do que Bolsonaro, mas a pancadaria da arena política e seus erros de novato o derrotaram.

Fora os dois, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é desfavorecido porque só será candidato de Bolsonaro permitir. Os governadores Romeu Zema e Ronaldo Caiado podem andar sossegados nas ruas de qualquer cidade fora de Minas Gerais e Goiás, estados que governam, que não serão reconhecidos, o que se reflete nas pesquisas.

A direita domina o Congresso, as redes sociais e seus ideais parecem tomar o imaginário dos brasileiros. Sua questão é não ter um candidato único e forte. Lula da Silva está sozinho no páreo por enquanto.