Respirando aliviado
O Tribunal de Contas da União decidiu na quarta-feira (23) não investigar Carlos Gabas (PT), ex-secretário-executivo do Consórcio Nordeste, e Valderir Claudino de Souza, ex-gerente-administrativo da entidade que reúne os estados nordestinos, por conta da compra frustrada de 300 respiradores no início da pandemia da Covid-19, em 2020.
A maioria dos ministros acompanhou o voto de Bruno Dantas, que disse ver com "perplexidade" "a possibilidade de o tribunal vir a responsabilizar aqueles que se encontravam na linha de frente" do combate à pandemia cinco anos após o corrido. Segundo ele, não houve dolo ou má fé na compra — dois quesitos essenciais para sustentar uma ação por improbidade administrativa.
A compra gerou uma auditoria porque os equipamentos nunca foram entregues e as empresas envolvidas no negócio não eram especializadas no produto. Uma delas, a Hempcare, focada em tratamentos com cannabis, entrou na mira do TCU. Na sessão de ontem, o ministro Bruno Dantas votou por investigar sua conduta e foi acompanhado pelos colegas.
À época da compra dos respiradores, o consórcio do Nordeste era presidido pelo então governador da Bahia, Rui Costa, hoje ministro da Casa Civil. O Bastidor mostrou que Costa tentou esconder uma investigação do Tribunal de Contas da Bahia sobre o caso: pediu que o procedimento tramitasse em sigilo, mesmo havendo interesse público por conta dos 50 milhões de reais pagos pelos equipamentos nunca entregues.
O sigilo também foi usado por Rui Costa para firmar um acordo extrajudicial na Califórnia. Neste caso, além da Hempcare, com a empresa Ocean26. O segredo foi baseado em cláusulas ratificadas pela justiça do estado dos EUA e só foi descoberto porque a procuradoria do governo da Bahia teve que informar o ato ao Tribunal de Contas do estado.
Enquanto negociava na Califórnia, a gestão Costa na Bahia segurava um acordo proposto em solo nacional. A proposta partiu dos investigados, foi feita em julho de 2020 e nunca concretizada.
Os riscos do negócio, como também mostrou o Bastidor, eram conhecidos pela gestão Costa. A ex-procuradora-geral de Justiça, Ediene Lousado afirmou que o governo baiano sabia da fama de um dos nomes envolvidos nessa compra. Mensagens de WhatsApp obtidas pela Polícia Federal durante a operação Faroeste — que investiga a venda de decisões por desembargadores baianos — mostram Lousado dizendo que Cléber Isaac Ferraz, representante das empresas envolvidas, seria “o maior estelionatário da Bahia”.
Este contexto fez com que a Polícia Federal deflagrasse, em 2022, uma operação para colher informações que municiassem sua investigação sobre o caso. Um dos alvos da PF foi Bruno Dauster, ex-secretário da Casa Civil de Rui Costa. No dia da operação, o Consórcio do Nordeste tentou se distanciar da investigação. Disse à época que os investigados não tinham ligação com a entidade.
Com delação de operador de Zé Dirceu, Renato Duque é condenado por receber propina na Petrobras
Leia MaisBoletim médico diz que estado de saúde regrediu e Jair Bolsonaro vai passar por mais exames
Leia MaisLula aceita indicação do presidente do Senado para o comando do Ministério das Comunicações
Leia MaisBanqueiros são alvos da Justiça, suspeitos de desaparecer com recursos de clientes em paraíso fiscal
Leia MaisPF afasta presidente do INSS por suspeita fraude em descontos de benefícios previdenciários
Leia MaisVoepass pede segunda recuperação judicial após das operações pela Anac
Leia MaisRelatório cita ligação do deputado Yury do Paredão com desvio de emendas e compra de votos
Leia MaisFlávio Dino suspende julgamento sobre perda imediata de bens de ex-executivos da Odebrecht
Leia MaisCCJ do Senado suspende análise de PEC que acaba com a reeleição para cargos do Executivo
Leia MaisSTF aproveita volta do feriado para decidir se punidos e delatores da Lava Jato podem reaver bens.
Leia MaisPrimeira Turma do STF aceita denúncia conta outros seis aliados de Bolsonaro por tentativa de golpe
Leia MaisFux volta a divergir dos colegas e diz que trama golpista deveria ser jugada pelo plenário do STF
Leia MaisEugênio Aragão, que participou da campanha do presidente, defende delegada da PF acusada de golpe
Leia MaisPGR diz que integrantes do Núcleo 2 gerenciaram operações para manter Bolsonaro no poder
Leia MaisPrimeira Turma do STF proíbe uso de celulares no plenário durante julgamento do núcleo 2 do golpe
Leia Mais