Desculpe, fraquejei
No depoimento mais esperado entre os réus acusados da trama golpista de 2022, nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, repetiu suspeitas infundadas sobre urnas eletrônicas e negou ter tramado uma ruptura democrática após perder a eleição. Repetiu seus argumentos de sempre, nada capaz de mudar o rumo do julgamento.
Quando conseguiu, Bolsonaro fez discurso político. Quando foi confrontado por evidências, saiu pela tangente. Em momentos constrangedores, recolheu-se. Um deles ocorreu quando foi perguntado sobre a fala durante uma reunião ministerial, na qual acusou Moraes de ter recebido 50 milhões de reais. Na ocasião, ele também fez acusações semelhantes aos ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
"Foi uma retórica que usei. Se fossem outros três ocupantes, teria falado a mesma coisa. Então, me desculpem não tinha essa essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta", disse. Os três ministros ocuparam a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, no período em que Bolsonaro foi presidente.
Bolsonaro tentou transformar o depoimento em comício, repetindo mentiras sobre o processo eleitoral, mas buscou também apaziguar as relações com os ministros do STF. Disse que não discordou do relatório do Exército, produzido em 2022, que não encontrou nenhuma fraude nas eleições.
Bolsonaro disse que se reuniu, de fato, com líderes militares para tratar de temas como uma possível aplicação de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo ele, isso foi avaliado em virtude da greve generalizada de caminhoneiros, que poderia ter implicações econômicas.
Afirmou ainda ter visto a suposta minuta de golpe de estado, em uma apresentação, mas negou que tenha autorizado alterações no texto, como afirmou o tenente-coronel Mauro Cid. “Foi passado na tela os considerandos. Não havia da nossa parte alguma vontade de dar andamento a isso aí. Tínhamos que entubar o resultado das eleições”, afirmou.
Entre as tentativas de abrandar o clima, perguntou a Moraes se ele aceitaria ser seu vice, em uma possível chapa para 2026. "Eu declino", respondeu brevemente o ministro, o que arrancou risadas dos presentes.
Em boa parte do depoimento, Bolsonaro repetiu respostas sobre atitudes que tomou ao longo dos meses que antecederam o fim do mandato. Ao próprio advogado, disse que só tomou conhecimento sobre os planos para matar Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, por meio da imprensa, depois que as investigações se tornaram públicas.
Além de Moraes, do ministro Luz Fux e dos seus próprios advogados, só os advogados de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, e do general Walter Braga Netto, fizeram perguntas a Bolsonaro. Os advogados de Cid o questionaram sobre os critérios para nomeá-lo como ajudante de ordens, enquanto os do general perguntaram sobre se o ex-presidente tinha conhecimento sobre as atividades de Braga Netto. Ele negou.
Os advogados dos outros podiam, mas nada perguntaram a Bolsonaro.
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