Falta de gestão e integração na PF mina efetividade do combate ao tráfico
Policiais federais relataram que o combate ao tráfico tão alardeado pelo governo Jair Bolsonaro pode não ser tão efetivo quanto mostram os releases divulgados no site da entidade. A preocupação tem crescido em meio a uma crise de assassinatos na fronteira do Brasil com o Paraguai pelo controle das rotas para venda de drogas - foram 160 neste ano, 74 em território brasileiro.
O motivo do problema não seria apenas a falta de verbas, mas, principalmente, a ausência de gestão e integração entre as áreas técnicas e de investigação. Uma fonte disse ao Bastidor que são raras as vezes em que um agente ou grupo responsável por uma investigação trabalhe conjuntamente com peritos, por exemplo, para analisar a composição da droga vendida por criminosos.
Há ainda o problema da rotatividade dos agentes nos cargos. "Ao contrário do DEA (agência antidrogas dos EUA), por exemplo, em que agentes atuam na mesma função por décadas; os profissionais não ficam mais do que três ou quatro anos investigando o tráfico no Brasil. Para combater crimes é preciso entender sobre todo o processo que os envolve. Isso leva tempo", disse um policial federal.
Essa realidade vai de encontro ao orçamento empenhado pela PF até outubro. Dos R$ 6,1 bilhões destinados pela corporação este ano, R$ 1,2 bilhão foi separado para custeio de pessoal e encargos sociais. Enquanto R$ 116 milhões estão previstos em investimentos (sejam eles em gestão, tecnologia ou equipamentos) e outros R$ 68,5 milhões ficaram a cargo da Diretoria de Tecnologia e Inovação.
O cenário relatado pelos agentes federais não é isolado. Policias civis e militares pelo país enfrentam problemas similares ou até piores - vale lembrar que só 44% dos homicídios cometidos no país são solucionados, segundo estudo divulgado pelo Instituto Sou da Paz no dia 13.
Em São Paulo, agentes de segurança protestaram na quinta contra os baixos salários e falta de reposição de servidores - sindicados da Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, apontam para um déficit 15 mil agentes da categoria no estado.
Todo esse contexto só reforça as dificuldades enfrentadas pelo governo para combater a criminalidade organizada. E, apesar de a segurança pública ser uma competência dos estados, a União tem tentado participar dessa área cada vez mais.
Mas o sucesso dessa iniciativa é discutível, seja pelas intervenções federais que foram se tornando mais frequentes desde o governo Michel Temer, ou por apresentar planos críveis e estruturados de gestão do combate ao crime.
Recentemente, Jair Bolsonaro atualizou seu plano de segurança pública para o período 2021-2030. O projeto foi bastante criticado por ter alterado a contabilização das mortes causadas por intervenções policiais. Tanto que o tema já é discutido no STF, em ação apresentada pelo PSB.
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