Decisão do TSE sobre Lollapalooza é “totalitária”, diz Celso de Mello
O ex-ministro do STF Celso de Mello classificou como “totalitária” a decisão do ministro Raul Araújo, do TSE, de proibir atos de protesto contra Jair Bolsonaro, durante o festival Lollapalooza. A decisão tomada pelo magistrado eleitoral deve ser reavaliada pelo Plenário da Corte.
Para Celso de Mello, é “preocupante a novilíngua do TSE”. “Impressionante e atual, na expressão de Orwell, a manifestação mais distópica da mais alta Corte Eleitoral”, afirmou. O ex-ministro considerou que a decisão pode ser considerada como censura aos artistas e a todos que possam ser contrários ao presidente. Ele questionou as intenções da Corte.
"O TSE, com essa recentíssima decisão no caso do espetáculo Lollapalooza, ter-se-ia transformado em instrumento da vocação totalitária do 'Grande Irmão (Big Brother)? E passou, na novilíngua do Estado totalitário, a observar (e a respeitar) o lema autocrático 'Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força'?"
Mello conclamou todos que respeitam o regime democrático e a liberdade de manifestação do pensamento a repudiar a determinação de Araújo. “O poder totalitário do Estado é sempre um poder cruel e cínico, que proíbe o cidadão de pensar e de livremente expressar o seu pensamento e que o submete a um regime de opressão, interditando o dissenso, vedando o debate e impedindo a livre circulação de ideias”, avaliou o ex-ministro.
Dois pesos e duas medidas
A decisão de Raul Araújo foi motivada por um pedido feito pela campanha de Jair Bolsonaro, que protestou contra as manifestações da cantora Pabllo Vittar, durante o Lollapalooza. Na apresentação, ela reclamou do atual governo e exibiu uma bandeira do ex-presidente Lula, que deve ser o principal antagonista do capitão reformado nas eleições deste ano.
Araújo considerou que as manifestações de Vittar poderiam ser enquadradas como propaganda política antecipada, o que é vedado pela legislação eleitoral. Ele proibiu que outros artistas fizessem o mesmo durante o evento e determinou multa de R$ 50 mil para cada nova infração.
A medida contra os artistas e o festival de música contrapõe outra decisão de Araújo sobre o mesmo tema. Em fevereiro deste ano, ele usou uma argumentação absurda para negar o pedido do PT, que queria a retirada de outdoors em Cuiabá que elogiavam Jair Bolsonaro.
Ele disse à época que o presidente não poderia ser culpado pelas propagandas e que, por isso, não seria possível determinar a retirada das peças publicitárias da cidade, ainda que também tenha reconhecido que se tratava de propaganda política antecipada.
Leia mais:
Investigação sobre golpe mostra fragilidade do sistema de validação de linhas telefônicas
Leia MaisEx-vice-presidente da Caixa é demitido do serviço público por justa causa por assédio sexual e moral
Leia MaisEm ação antitruste, Departamento de Justiça dos EUA quer que empresa venda o navegador Chrome
Leia MaisGoverno de Alagoas abate quase metade da dívida da usina falida e procuradores levam comissão de 20%
Leia MaisEm nova ação contra a Lava Jato, Toffoli retira sigilo de caso de gravação de conversas do doleiro
Leia MaisProcuradores da PGFN mudam postura e estendem prazo para análise de desconto em dívida da Laginha
Leia MaisBradesco exige votação que respeite a ordem dos credores na assembleia de credores da Laginha
Leia MaisProcuradores dos EUA avançam criminalmente contra bilionário amigo de Modi após ataque da Hindenburg
Leia MaisConselho Nacional de Justiça aposentou desembargadora envolvida em venda de sentenças
Leia MaisInvestigações tentam encontrar laços de militares que queriam matar Lula com o 8 de janeiro
Leia MaisMilitares e um agente da PF presos queriam matar Lula e Alckmin; Moraes também era alvo do grupo
Leia MaisO mês que marcaria os últimos dias do governo Bolsonaro foi o escolhido para o golpe, segundo a PF
Leia MaisOperação da PF assusta por mostrar que, sob Bolsonaro, militares podem matar adversários políticos
Leia MaisInvestigação da PF mostra que general próximo a Bolsonaro elaborou plano para matar Lula e Alckmin
Leia MaisSenacon tenta limitar publicidade de bets, mas falha ao detalhar eventuais punições.
Leia Mais