A volta de Pimenta
Após quatro meses à frente da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta retorna ao comando de sua pasta de origem, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), nesta quinta-feira (12). A medida provisória que criou a secretaria perdeu a validade ontem (11) e não deve ser votada pelo Congresso Nacional.
Agora, as ações do governo federal relacionadas à reconstrução do estado gaúcho ficarão sob a responsabilidade da Casa Civil, comandada por Rui Costa (PT). O ministério agora será uma secretaria, e terá no comando o ex-prefeito de Taquari (RS) Emanuel Hassen de Jesus, também do PT. Maneco, como é conhecido, foi secretário-executivo de Pimenta na secretaria extraordinária, e também ocupou o cargo de secretário de comunicação institucional na Secom.
Pimenta retorna à Secom sem nunca ter se afastado por completo. Sempre que viajava a Brasília, aproveitava para tratar da comunicação do governo federal. Laércio Portela, que ocupou interinamente a Secom, foi mantido na pasta, agora como Secretário de Comunicação Institucional.
Os atritos e a perda de oportunidade
Visto como um provável candidato ao Palácio Piratini em 2026, a escolha de Pimenta para representar o governo federal nas ações de ajuda ao Rio Grande do Sul causou desconforto na oposição, especialmente no governador Eduardo Leite. Leite afirmou a pessoas próximas que foi surpreendido pela nomeação.
A função de Pimenta como ministro da Reconstrução era articular, intermediar, facilitar a relação entre união com outros agentes. Não foi o que aconteceu.
Durante os quatro meses em que esteve à frente das operações no Rio Grande do Sul, Pimenta bateu de frente com Eduardo Leite e com prefeitos gaúchos. Em junho, foi convocado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados para esclarecer um pedido feito ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública para investigar perfis acusados de divulgar notícias falsas sobre a tragédia que atingiu o estado.
Em um áudio divulgado pela Secom, Pimenta chegou a dizer que era necessário prender os responsáveis pela disseminação de notícias falsas. A gravação, feita durante uma audiência no Palácio do Planalto, inclui Pimenta afirmando que era preciso "botar para f... com os caras" que espalham desinformação. Um interlocutor, no áudio, pergunta se ele estava sugerindo a prisão dessas pessoas, ao que Pimenta confirma: "Manda prender, não aguento mais fake news".
Pimenta solicitou à Polícia Federal a investigação dos casos, mas, no fim, coube às autoridades regionais, como a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul, conduzirem o processo. Segundo a Polícia Civil do estado, 60 casos foram investigados, dos quais 32 resultaram em inquéritos.
Fontes próximas a Eduardo Leite avaliam que Pimenta falhou na coordenação das ações. "Sabemos que há muita burocracia, que é necessária na administração pública, mas faltou interlocução do ministro, para superar os entraves e fazer a coisa acontecer", diz um aliado do governador, que pediu para não ser identificado.
"No evento em que foi anunciada a criação da secretaria com status de ministério, o presidente Lula disse que Paulo Pimenta ficaria até o final da reconstrução do estado. O Rio Grande do Sul está longe de estar reconstruído, e ele está voltando para Brasília", diz o aliado, acrescentando que "o próprio Pimenta sabe que não deu certo".
Aliado de Pimenta, o deputado estadual pelo PT Pepe Vargas afirma que o ministro está voltando porque cumpriu a missão atribuída. "A tarefa da Secretaria Extraordinária era identificar os problemas, agilizar os processos e reduzir a burocracia. Isso foi feito. Agora cabe ao governo do estado e às prefeituras executar os projetos de reconstrução", diz. “Os números provam que o estado está se reerguendo. Em agosto, foi batido o recorde em arrecadação de ICMS. Isso só foi possível com aporte do governo federal."
Segundo Pepe Vargas, a nomeação de Pimenta não está relacionada a uma possível candidatura ao governo do estado em 2026. "Nosso foco agora é a eleição municipal. O objetivo do PT é ampliar o número de prefeituras no Rio Grande do Sul", diz. Contudo, ele não descarta a possibilidade de Pimenta ser o candidato do PT em 2026. "Não digo nem que sim, nem que não. Também temos o nome de Edegar Pretto, que foi muito bem nas últimas eleições e quase chegou ao segundo turno." Por uma diferença de 2.441 votos, Edegar Pretto perdeu para Eduardo Leite a vaga para o segundo turno contra Onyx Lorenzoni em 2022.
Internamente, o PT gaúcho ainda não tem uma avaliação consolidada sobre o desempenho de Pimenta como ministro da Reconstrução. Embora ainda conte com o apoio de aliados, Pimenta deixa o Rio Grande do Sul com a imagem desgastada, o que pode comprometer suas futuras ambições políticas, como o Palácio Piratini.
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