O czar das enchentes

O ministro-chefe da Secretaria de Comununicação, Paulo Pimenta, foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como representante do governo federal nas ações de ajuda ao Rio Grande do Sul. Na prática, ele será responsável por coordenar os esforços da União no estado.

A escolha de Pimenta para a função tem tons eleitorais. O ministro é pré-candidato ao governo do estado em 2026. Com a atuação durante a calamidade, poderá se colocar como forte postulante ao Palácio Piratini.

Natural de Santa Maria, no interior gaúcho, Pimenta foi um dos primeiros ministros a desembarcar no estado, quando começaram as chuvas que já causaram problemas a mais de 2,5 milhões de moradores do estado. Desde então, assumiu a função de porta-voz do governo federal na resposta à tragédia.

Entretanto, em vez de unir, Pimenta tem optado pelo embate. Lançou uma ofensiva contra publicações em redes sociais, que fazem críticas às ações do governo, e que são consideradas falsas pelo Palácio do Planalto.

Nesta semana, Pimenta também se envolveu em uma briga pública com o prefeito de Farroupilha, que reclamou em uma rede social que recebeu apenas 300 mil reais da União para lidar com a tragédia. Em uma confusa ligação telefônica, gravada pelos dois lados, o prefeito e o ministro discutiram pesado.

Depois desse episódio, Pimenta adotou a prática de gravar e divulgar todas as conversas que tem com lideranças locais, em especial as de partidos de oposição. Segundo ele, há pessoas tentando lucrar politicamente com a tragédia – o que é verdade, mas não deveria ser a preocupação principal do governo federal neste momento.

Enquanto Pimenta estiver cuidando do Rio Grande do Sul, a Secom será chefiada pelo jornalista Laércio Portela, secretário-adjunto de imprensa da Presidência da República.