Os interlocutores do STJ com Lula

Brenno Grillo
Publicada em 31/07/2024 às 06:00
Campbell é conhecido por seu jeito agressivo em campanhas a cargos do Judiciário. Foto: Gustavo Lima/STJ

As vagas em disputa no Superior Tribunal de Justiça alçaram os ministros Luis Felipe Salomão e Mauro Campbell a interlocutores da corte com Lula. Uma das principais metas deles é emplacar o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, como novo integrante do STJ.

Fontes a par do assunto afirmaram que a dupla se encontrou reservadamente com Lula, ao menos, uma vez. No encontro, assim como em outros momentos, os ministros colocaram Ney Bello na corrente progressista do Judiciário.

A atuação dos dois ajuda a camuflar a pressão do Supremo Tribunal Federal por Ney Bello no STJ. O desembargador tem o apoio de Gilmar Mendes e Flávio Dino. O maranhense é o que mais tem feito pressão, inclusive tentando angariar o apoio de Alexandre de Moraes.

O interesse de Salomão nessa função é manter-se politicamente forte e ativo para, quem sabe, tornar-se ministro do STF. O magistrado até tentou disputar as vagas que acabaram ocupadas por Cristiano Zanin e Flávio Dino, mas não tinha como competir com duas pessoas muito mais próximas a Lula e que conhecem o presidente há mais tempo do que ele.

O objetivo principal de Campbell é ganhar dividendos políticos que garantam a nomeação do procurador de Justiça acriano Sammy Barbosa, seu candidato na disputa dentro do Ministério Público por uma das duas cadeiras vagas no STJ.

Mas há outras vagas no horizonte que Salomão e Campbell podem capitalizar com a força que têm angariado nos últimos meses. Só em 2026 serão duas cadeiras em disputa. Uma é de Antonio Saldanha, que se aposentará em abril. Outra é de Og Fernandes, que deixará o tribunal em novembro.

Mais força, mais problemas

Salomão e Campbell estão cada vez mais fortes. O primeiro atuou como corregedor-geral de Justiça no último biênio e assumirá a vice-presidência do STJ em 22 de agosto, para daqui dois anos presidir a corte.

Como corregedor, Salomão partiu para cima do que sobrou da Lava Jato. O movimento agradou muita gente com história junto à operação de combate à corrupção, como Lula e diversos petistas do entorno presidencial.

Antes disso, atuou como corregedor do Tribunal Superior Eleitoral de setembro de 2020 até outubro de 2021. Foi Salomão quem pavimentou o caminho judicial que deixou Jair Bolsonaro inelegível. O ministro foi sucedido no cargo por Campbell e, depois, por Benedito Gonçalves - outro que tem ótima interlocução com Lula.

Após deixar de ser corregedor eleitoral, em setembro de 2022, Campbell assumiu a direção da escola nacional da magistratura, que dá muito poder a quem a preside devido à possibilidade de fazer eventos e cursos por todo o Brasil. No Judiciário isso importa porque é por meio desses encontros que se mostra a força das relações de cada um.

Em agosto, Campbell substituirá Salomão na corregedoria do Conselho Nacional de Justiça. Com a caneta na mão, terá muito poder sobre todo o Judiciário brasileiro, com a prerrogativa de afastar juízes, desembargadores e ministros de suas funções.

Mesmo estando apenas ministro no momento, Campbell também mostrou sua força. Livrou a J&F de perder uma disputa bilionária ao suspender um julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo que discutiria a briga dos irmãos Joesley e Wesley Batista com a Paper Excellence pela Eldorado Celulose. Todos em Brasília sabem que os donos da JBS têm muita influência no atual governo.

Porém, todo esse poder angariado pela dupla trouxe consigo críticas por conta de atitudes de ambos. Salomão, como mostrou o Bastidor, deixou um rastro de mágoas na sua tentativa infrutífera de tornar-se ministro do STF. Uma mostra disso foi a decisão do tribunal pelo fim das eleições por aclamação.

Campbell é criticado - e não é de hoje - por seu estilo agressivo nas campanhas a vagas do Judiciário. Fontes afirmam que o ministro acotovela os adversários, tenta desencorajá-los a concorrer com seus protegidos e até reúne informações negativas de outros proponentes a cargos para valorizar o passe de seus aliados.

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