Não é bem assim, ministro

Redação
Publicada em 27/12/2024 às 09:12
Câmara diz que seguiu determinações do STF e de seu próprio regimento ao indicar emendas que foram aprovadas a jato e beneficiam estado de Arthur Lira Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

No diálogo de surdos que vigora desde agosto, a Câmara respondeu ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que a investigação sobre direcionamento ilegal de emendas parlamentares não tem razão de ser porque as regras foram cumpridas. Afirma que os deputados que denunciaram o caso querem apenas agradar eleitores.

Os argumentos constam de manifestação de 22 páginas enviada na noite de quinta-feira (27), em resposta à decisão de Dino de terça-feira (23), que suspendeu a liberação de 4,2 bilhões de reais para pagar 5.449 emendas de comissão e determinou que a PF investigasse a tramitação nas comissões temáticas.

O mais recente lance do conflito sobre emendas aconteceu porque os deputados federais Adriana Ventura (Novo), Glauber Braga (Psol) e José Rocha (União Brasil) denunciaram ao Supremo que o presidente da Câmara, Arthur Lira, e 17 líderes partidários protagonizaram uma manobra para aprovar as emendas parlamentares sem análise.

No dia 12, Lira suspendeu os trabalhos das comissões temáticas, por onde passam as emendas, para um esforço concentrado focado na aprovação do pacote fiscal do governo. A manobra serviu também para aprovar as tais emendas: a pedido de Lira, 17 líderes assinaram como padrinhos das emendas que estavam prontas. A questão é que o pacote foi alterado: houve redirecionamento e inclusão de novas emendas, que privilegiam Alagoas, estado de Lira. Essas mudanças não foram analisadas pelas comissões.

Mas, segundo a Advocacia da Câmara, nada disso que os deputados dizem faz sentido. Primeiro, não seriam quase 5,5 mil emendas, o número refere-se aos projetos que serão beneficiados pelo dinheiro; na realidade, diz a Casa, são 10 emendas de comissão, todas aprovadas pelos colegiados em reuniões transmitidas ao vivo pela internet, registradas em ata e enviadas com toda a papelada exigida ao Executivo, que as analisou e chancelou.

Para a Câmara, isso garante a legalidade do ofício com o direcionamento das emendas enviado pelos líderes partidários ao governo federal. Pensar o contrário, argumentou a Casa, seria colocar a lisura de ministros de Estado em jogo. O governo aceitou as emendas e estava pronto para liberar o dinheiro, em pagamento à aprovação do pacote fiscal.

Assim como ocorreu em outras manifestações do Congresso ou da Advocacia Geral da União ao Supremo, o texto da Câmara procura dividir a responsabilidade com o governo e fala em "diálogo institucional", um eufemismo para dizer que o Supremo deve se abster de intervir num acordo entre Executivo e Legislativo.

Como acontece quando se trata de emendas, o poder se mexeu. O presidente da Câmara, Arthur Lira, interrompeu as férias em Alagoas e viajou a Brasília para articular a resposta com líderes partidários e com o presidente Lula.

Leia a manifestação da Câmara dos Deputados e o despacho de Flávio Dino:

Corte ganha 160 novos postos de alto escalão para servidores concursados

Leia Mais

PF prende ex-prefeito, vice e até policial federal em operação contra grupo de Marcos Moura

Leia Mais

Dino manda PF investigar comissões da Câmara e manda brecar pagamentos de emendas

Leia Mais

Acelerou para 2025

22/12/2024 às 10:45

Juiz Paulo Furtado tem pressa em aprovar plano de recuperação Judicial da Odebrecht Engenharia

Leia Mais

Boa sorte

21/12/2024 às 06:00

PL e entorno de Valdemar negam que partido pagará defesa de Braga Netto

Leia Mais

Assembleia-Geral de Credores da massa falida aprova plano de liquidação de ativos proposta pelo BofA

Leia Mais

Mentira cara

20/12/2024 às 18:00

Fernando Passos é condenado pela CVM a multa de R$ 20 milhões por manipulação de mercado no IRB

Leia Mais

Aneel de mudança

20/12/2024 às 16:00

Sandoval Feitosa busca uma nova sede para a agência reguladora em Brasília

Leia Mais

Caso da Amazonas Energia não foi analisado pela Aneel porque chance de derrota era considerável

Leia Mais

Desembargador que soltou líder de quadrilha ligada ao Comando Vermelho também será investigado

Leia Mais

Moraes concede liberdade a Daniel Silveira, mas o proíbe de ter contato com investigados por golpe

Leia Mais

Convicto de sua força política, o empresário Marcos Moura ficou irritado por passar nove dias preso

Leia Mais

Aneel espera

19/12/2024 às 18:53

Agência tira de pauta pedido ampliação do prazo da Amazonas Energia após decisão de juíza

Leia Mais

Todo mundo na rua

19/12/2024 às 16:43

Desembargadora Daniele Maranhão solta Marcos Moura e outros suspeitos presos na operação Overclean

Leia Mais

Irmã do ministro da Casa Civil, Rui Costa, assinou contrato com empresa que foi alvo da PF

Leia Mais