Moro quer evitar STF
O senador Sergio Moro pediu ao juiz Eduardo Fernando Appio que mantenha as investigações das acusações feitas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran na 1ª instância. O magistrado decidira repassar o relato de Tacla Duran ao Supremo Tribunal Federal.
Na última segunda-feira, Duran foi ouvido por Appio, que assumiu a 13ª Vara Federal de Curitiba em fevereiro. O magistrado tem revisitado processos da Lava Jato e voltou a ouvir suspeitos e delatores do caso. Na última semana, mandou prender o doleiro Alberto Youssef, mas a decisão foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Na audiência, Tacla Duran repetiu uma antiga acusação que fez a Moro e ao deputado federal Deltan Dallagnol, que, à época da Lava Jato, conduzia a força-tarefa do Ministério Público Federal, em Curitiba. Ele afirmou que foi alvo de uma tentativa de extorsão pela dupla. Não apresentou evidências. As acusações foram investigadas pelo MPF em 2018 - e arquivadas. Em 2020, Tacla Duran tentou firmar delação premiada na Procuradoria-Geral da República, logo após Moro romper com o governo Bolsonaro. Augusto Aras e sua equipe analisaram o "material" de Tacla Duran, mas consideraram frágeis os elementos. Declinaram a proposta.
A negativa não parou Tacla Duran. Ele, que tem cidadania espanhola, repete essas acusações desde 2017 - e seguiu falando a mesma coisa, em sites ligados ao PT. Tacla Duran foi advogado da Odebrecht. No curso das investigações da Lava Jato, ainda em 2016, os procuradores descobriram evidências de que ele atuava como doleiro da empreiteira, lavando dinheiro fora do país para pagar propina em nome do grupo. Virou réu por lavagem de dinheiro. Para não ser preso, homiziou-se na Espanha. O subsequente acordo de leniência da Odebrecht confirmou o que as evidências iniciais demonstravam: Tacla Duran não era advogado; era doleiro - e dos grandes.
Apesar das evidências, Tacla Duran sempre negou as acusações. E, em vez de se defender tecnicamente, passou a atacar Moro. Na audiência de segunda, Duran reafirmou essas denúncias contra o ex-juiz e o ex-procurador e apresentou um trecho de um áudio que, segundo ele, provariam a tentativa de extorsão, intermediada por dois interlocutores. O áudio é incompreensível, assim como a interpretação conferida por Tacla Duran a ele, durante a audiência. Appio ouviu parte do relato, mas decidiu não iniciar uma investigação. Disse que encaminharia o "material" ao Supremo Tribunal Federal.
No entendimento de Moro, o encaminhamento do material ao STF não tem cabimento. O advogado do juiz diz que ele é inocente. Mas, mesmo que houvesse crime, o caso teria acontecido antes de ele e Deltan assumirem os cargos no Legislativo, portanto não cabe o foro privilegiado.
O advogado de Moro diz ainda que Appio precisa analisar um pedido de suspeição contra ele, antes de continuar reavaliando os processos da Lava Jato, o que ainda não aconteceu. Appio é um crítico da operação. Assinava como "LUL22" no sistema de informática da Justiça do Paraná.
Leia abaixo a íntegra do pedido de Moro:
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