Galvão Engenharia doou R$ 1,5 milhão ao PSB no mesmo dia que governo de Cid Gomes pagou empreiteira
A Galvão Engenharia doou R$ 1,5 milhão ao PSB no mesmo dia em que recebeu quase R$ 2,6 milhões devidos pelo Governo do Ceará na gestão de Cid Gomes. A informação consta do parecer do MPF - ao qual o Bastidor teve acesso - que embasou a operação realizada pela Polícia Federal na quarta-feira (15) contra os irmãos Ciro, Cid e Lucio Gomes, além de outros investigados.
À época, Ciro e Cid eram filiados ao PSB de Eduardo Campos. O fato foi narrado à Polícia Federal pelo delator Jorge Valença, ex-executivo da empreiteira, que apresentou um e-mail às autoridades para corroborar a natureza de troca dos pagamentos. Embora implícita, havia sempre uma contrapartida em jogo, dizem os delatores: liberação de pagamentos dos contratos após doação eleitoral e partidária.
Na mensagem, enviada a diretores da Galvão Engenharia em 31 de agosto de 2010 (data do pagamento e da doação), Ricardo Cordeiro de Toledo - que também foi executivo da companhia - diz: "Precisava pagar hoje ou no máximo amanhã! É muito importante para o Ceará!!".
O montante, segundo a PF e os delatores, foi pago para garantir a vitória da Galvão Engenharia na licitação para reformar a Arena Castelão.
Esse modelo de troca não é novo entre os Gomes. Em 2018, reportagem de Nonato Viegas e Hugo Marques mostrou que esse era o modus operandi da família quando o assunto era política.

Sem sigilo
A decisão que autorizou a operação da PF liberou ainda a quebra dos sigilos bancário, fiscal telefônico e telemático dos investigados, que também foram alvo de busca e apreensão. Além dos irmãos Gomes, a operação incluiu os advogados José Leite Jucá Filho, Fernando Antônio de Oliveira e Helio Parente.
Os dois primeiros foram procuradores-gerais estaduais durante a gestão de Cid no governo (2007-2014), enquanto o terceiro foi conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios cearenses. Diz a PF que as investigações, iniciadas em 2017, descobriram R$ 11 milhões em propinas pagas em dinheiro ou disfarçadas de doações aos diretórios nacional e cearense do PSB.
Nos casos dos pagamentos em espécie, segundo os policiais, empresas de fachada emitiram notas fiscais frias. Os investigados são suspeitos pela PF de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações e associação criminosa, além de corrupção ativa e passiva. O esquema criminoso seria comandado pelos Gomes.
A empreiteira tocou diversas obras no estado durante a gestão Cid Gomes, como a reforma da Arena Castelão, a construção do Centro de Eventos do Ceará (incluindo obras viárias de acesso ao empreendimento), o Eixão I (um canal de integração fluvial na Região Metropolitana de Fortaleza) e o Centro de Formação Olímpica do Nordeste.
Quem delatou?
Os delatores dos supostos malfeitos dos Gomes são Jorge Valença, Dario Queiroz, Mario de Queiroz Galvão e José Ubiratan Ferreira de Queiroz. Eles afirmam que todas as tratativas sobre doações eram realizadas com Lucio Gomes.
Dizem ainda que as vitórias da empresa nos certames eram combinadas com os Jucá, Oliveira e Parente. De acordo com a delações, a Galvão Engenharia pagava esses advogados em dinheiro vivo e sem contrato, por causa da proximidade entre eles e a família Gomes. A filha de Parente (Mirella), por exemplo, seria sócia de Ciro desde 2017.
O Bastidor questionou a defesa dos irmãos Gomes sobre as acusações, mas não obteve resposta até a publicação desta notícia.
Negócios suspeitos de família
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