XP culpa pai e filho
A XP Investimentos tenta reverter uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo que a impede de cobrar juros de um empréstimo considerado de risco. Na ação, a corretora é acusada de coagir um dos seus funcionários a pressionar o próprio pai a fechar uma transação. O caso foi revelado pelo Bastidor em agosto.
O empresário Marco Antônio Puerta afirma que teve prejuízos financeiros com um empréstimo, sem ser alertado dos riscos. Seu filho, Gabriel Puerta, que trabalhava na XP e era instigado a fazer o pai aceitar a oferta, foi demitido após o negócio ser concluído.
Em manifestação enviada ao presidente do TJSP, desembargador Fernando Antônio Torres Garcia, a que o Bastidor teve acesso, a XP rebate os argumentos do empresário, diz que ela própria foi vítima de um golpe. Acrescenta que foi ludibriada por Gabriel Puerta, seu ex-funcionário, que se beneficiou de um bônus indevido.
Os advogados da corretora afirmam que pai e filho atuaram juntos para que Gabriel ganhasse “elevados bônus de performance”. A operação consistiu em tirar 15 milhões de reais que Antonio Puerta investiu em um fundo da XP e levar para o Banco Safra.
Na sequência, os mesmos 15 milhões seriam transferidos novamente para a XP, tendo Gabriel Puerta como assessor financeiro.
“Ao final da operação, pareceria, aos olhos do sistema da XP, que o Sr. Gabriel havia captado os recursos de fora, que antes estariam investidos na concorrência, circunstância que o faria receber bônus de performance pela sua captação”, diz a corretora.
Outro personagem aparece novamente na história. Trata-se de Leonardo Augusto Chitero Spelta, assessor de investimentos da XP, que em conversa com Gabriel Puerta chegou a dizer que “antes de seu pai é seu cliente” em referência a Antônio Puerta. O diálogo também foi revelado pelo Bastidor.
Em mensagens de Whatsapp que constam nos autos, Gabriel informa a Spelta a intenção de fazer a triangulação com o Safra. A XP diz que a manobra “encontrava um entrave nas políticas internas”. Nos diálogos entre Gabriel e Spelta que a corretora anexou aos autos, não há nenhuma reprimenda. No máximo, aparece “segunda-feira me explica melhor”.
De acordo com a XP, a demissão de Gabriel se deu porque o ex-funcionário estava “muito preocupado em gerar bônus a si próprio aproveitando-se do patrimônio do seu pai” e “deixava grande parte das suas tarefas diárias em segundo plano”.
A XP também rebate o argumento de Antônio Puerta de que ele foi enganado. Em uma das conversas entre Gabriel e Spelta, o ex-funcionário chama o pai de "rato", que "não dá ponto sem nó", em referência aos negócios da família. O diálogo foi anexado pela corretora no processo.
O negócio desfeito
Marco Antônio Puerta já tinha investido cerca de 22 milhões de reais em um fundo por meio da corretora. Na ação, ele afirma que, depois que o filho foi contratado pela XP em 2021, passou a receber a proposta para tirar 15 milhões de reais de seus investimentos e tomar um empréstimo no mesmo valor.
Os 15 milhões seriam aplicados em Certificados de Operações Estruturadas (COE) por cinco anos, enquanto o empréstimo, mediante Cédula de Crédito (CCB), serviria para que ele não ficasse sem recursos disponíveis.
Marco Antônio Puerta diz ser vítima de um conluio voltado a obter, às expensas de sua relação familiar, um negócio favorável apenas à XP, que foi feito com “base em informações equivocadas quanto à segurança da operação”. O empresário acusa a corretora de não esclarecê-lo dos riscos do negócio.
Ao rebater os argumentos da XP, o empresário diz que seu perfil de investidor era de moderado e que a corretora não apresentou nenhuma mensagem enviada a ele para esclarecer os riscos do COE.
A XP ainda não conseguiu o efeito suspensivo para voltar a cobrar os juros do empréstimo. Terá que aguardar até o julgamento do recurso.
Negócios suspeitos de família
PF investiga contratos do marido de deputada Elcione Barbalho com governo de seu filho no Pará
Leia MaisSTJ dá isenção de custas judiciais a magistrado do TJDFT que ganha 50 mil reais mensais, em média
Leia MaisGoverno aciona STF para ressarcir fraudes no INSS fora do teto de gastos e sem aval do Congresso
Leia MaisCom dificuldade de quórum, CPI termina sem aprovar relatório que indiciava apenas 16 pessoas
Leia MaisCâmara examinará cassação da deputada foragida Carla Zambelli, determinada pelo Supremo
Leia MaisAtacante Bruno Henrique, do Flamengo, é denunciado por participar de esquema de fraude em apostas
Leia MaisMinistro do STF anula condenação de ex-presidente da Petrobras por compra da refinaria de Pasadena
Leia MaisCom Gilmar, STF tem maioria para ampliar a responsabilidade das big techs por conteúdo de usuários
Leia MaisAlexandre de Moraes pede ao Ministério da Justiça a extradição de deputada foragida na Itália
Leia MaisConselheiro pede vista e Cade suspende análise de processo de entidades jornalísticas contra Google
Leia MaisOposição trava votação do novo Código Eleitoral na CCJ do Senado e adia discussão para julho
Leia MaisDino vota por responsabilização das plataformas sem ordem judicial em casos de conteúdo ilegal
Leia MaisCNJ pune desembargadora Sandra Inês, do TJBA, pela 2ª vez - agora, por manter “gabinete paralelo”
Leia MaisCredores menores contrariam grandes grupos econômicos em processo de recuperação judicial
Leia MaisGeneral Paulo Sérgio diz ao STF que discutia apenas uma "Garantia da Lei e da Ordem" com Bolsonaro
Leia Mais