Conciliação de graça
O ministro André Mendonça decidiu suspender por 60 dias todos os acordos de leniência firmados pela operação Lava Jato. A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 26, durante audiência de conciliação na ação movida ação movida pelo PSOL, em 2023 e que corre perante a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O partido tenta anular os acordos.
Na prática, a decisão de Mendonça ampliou ainda mais o leque que já havia sido estabelecido pelo ministro Dias Toffoli, em relação à J&F e à Odebrecht. No período da conciliação, as empresas não poderão ser cobradas judicialmente caso atrasem as parcelas em aberto. Várias estão nesta situação.
Além do PSOL, a ação também é subscrita pelo PCdoB e Solidariedade. Todos fazem parte da base do governo no Congresso e têm ministros na Esplanada. A iniciativa não foi bem vista pelas bancadas.
Os partidos afirmam que os acordos da operação Lava Jato são repletos de ilicitudes e, por isso, pede a suspensão dos termos. As empresas, porém, não só assinaram as leniências, como assumiram ter participado de esquemas de corrupção e apresentaram provas dos crimes, conseguindo assim os benefícios. Alguns desses acordos são bilionários, como o da Odebrecht, atualmente rebatizada como Novonor.
O processo de conciliação deverá ser acompanhado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O governo federal também deve participar das negociações, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria-Geral da União (CGU). Todas essas entidades estiveram na audiência organizada por Mendonça e não se opuseram à suspensão das obrigações das empresas.
A participação do governo se deu porque parte dos valores dos acordos de leniência seriam destinados à União, devido aos prejuízos causados aos cofres públicos em função dos desvios provocados pelas empresas.
O fato de a CGU ter aceitado a suspensão dos acordos pelos próximos dois dias chamou a atenção de quem acompanha de perto o caso. Isso porque, em março de 2023, o ministro Vinícius Carvalho, que comanda o órgão, havia afirmado que apoiava a manutenção dos acordos de leniência, na forma em que estavam, sem alterações. Agora, mudou de opinião e parece estar disposto a negociar com as companhias. Ao todo, os acordos poderiam injetar 17,6 bilhões de reais nos cofres da União.
As empresas que podem ser beneficiadas com o resultado do processo estiveram na audiência realizada por Mendonça, nesta segunda-feira. Segundo o STF compareceram representantes das seguintes companhias:
- Novonor (antiga Odebrecht);
- Braskem;
- Samsung Heavy Industries;
- Nova Engevix;
- Grupo J. Malucelli;
- Camargo Corrêa;
- J&F Investimentos;
- CR Almeida;
- UTC Participações;
- Metha;
- SOG Óleo e Gás.
Entre os beneficiários dos acordos, ou seja, aqueles que foram alvos dos casos de corrupção reconhecidos pelas empresas, compareceram:
- Funcef;
- Caixa Econômica Federal;
- Petros;
Caso não haja acordo entre as partes, o caso voltará ao ministro Mendonça, que poderá encaminhar o caso para julgamento. O acordo pode ajudar o STF na questão das leniências. Se as partes decidirem reduzir ou mesmo anular os valores, a corte evitaria o desgaste político de dar guarida às empresas, deixando a conta aos partidos que ingressaram com o pedido.
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