Os conflitos do administrador do Banco Santos
O administrador judicial do extinto Banco Santos, Vânio Aguiar, é acusado pelo espólio de Edemar Cid Ferreira de favorecer parentes, parceiros e a si com dinheiro que deveria servir para pagar credores. O valor gasto em março e abril deste ano ultrapassa 250 mil reais.
Numa peça apresentada no último dia 3 pelos advogados da família do banqueiro morto em janeiro deste ano, Vânio é acusado de receber ilegalmente pagamentos de 100 mil reais por serviços ligados à gestão do que restou do Banco Santos. O total foi pago além dos 175 mil reais mensais determinados pelo juízo para custeio da administração judicial.
Vânio administra a massa falida de 3 bilhões de reais desde seu início, em 2005. Hoje, há no caixa do Banco Santos pouco mais de 336 milhões de reais. Nesses quase 20 anos, foram pagos 2,6 bilhões de reais aos credores. O valor atualizado da dívida é de 16 bilhões de reais.
O Banco Santos não tem mais nenhum tipo de operação. Desde 2014, o processo da massa falida é supervisionado pelo juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Recuperação Judicial e Falência de São Paulo.
Na petição, os advogados pedem a suspensão de todos os pagamentos feitos até o momento e que o administrador judicial apresente justificativa detalhada de tudo o que foi gasto além do previsto pelo juízo que fiscaliza o processo. Os autores do pedido também acusam Vânio de subcontratar uma de suas empresas, a Vela Administrações e Partipações Ltda, com dinheiro da massa falida.
A companhia recebeu 22,9 mil reais em pagamentos de aluguel, condomínio e IPTU. Os valores foram pagos porque a Vela administra o edifício que sedia a massa falida. O prédio foi adquirido pela empresa de Vânio ao longo do processo do Banco Santos, depois que o banco já estava lá instalado. A mudança para o imóvel foi feita para reduzir custos.
Houve ainda o uso do dinheiro do Banco Santos com despesas administrativas não justificadas ou que deveriam ser custeadas por outras empresas. Um desses gastos é de pouco mais de 15 mil reais com serviços de informática. Outros totalizam 2,8 mil reais com manutenção de centra telefônica e desentupimento de canos.
A acusação de subcontratação também cita a empresa Arec Administração, Negócios e Recuperação de Ativos Ltda, que já teve como sócia a esposa de Vânio, a advogada Helaine Goraib Tonin Aguiar. Ela integrou a sociedade da companhia em dois momentos: de julho de 2015 a abril de 2016 e de dezembro de 2017 a março de 2021.
Outro sócio da Arec é o advogado Vanderlei da Silva Aleixo, que integrou a sociedade de mais uma empresa subcontratada por Vânio, a Contjud Administração Empresarial Ltda. Aleixo foi sócio da Contjud de agosto de 2011 a outubro de 2013, e da Arec entre abril de 2013 e abril de 2016. As duas companhias receberam, juntas, quase 145 mil reais do Banco Santos apenas entre abril e março deste ano.
Não é a primeira
Essa não é a primeira vez que Vânio é acusado de subcontratar empresas de parentes e aliados para trabalhar na gestão do Banco Santos. Em 2022, Edemar Cid Ferreira, antigo dono do banco, o acusou de desviar 22 milhões de reais subcontratando companhias de pessoas próximas.
No mesmo ano, Vânio havia solicitado o aumento dos gastos mensais permitidos (175 mil reais mensais). Edemar então pediu a suspensão dos acordos firmados pela administração da massa falida. Argumentou que os valores obtidos com os bens eram muito inferiores aos registrados no mercado.
Em 2023, Edemar reclamou da extensão da falência a duas seguradoras que possuía e uma companhia de capitalização. Ainda naquele ano, a Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para averiguar um desfalque de 140 mil reais.
O pedido de troca apresentado pelo banqueiro foi negado e a conclusão policial foi pelo arquivamento da denúncia. O Ministério Público estadual concordou.
Seis anos antes, o banqueiro acusou Vânio de ter desviado 26,8 milhões de reais da massa falida do Banco Santos. Em 2012, o administrador foi alvo de uma representacão criminal apresentada por Ferreira ao Ministério Público paulista. Também foi arquivada.
O Bastidor questionou Vânio Aguiar, que respondeu também por sua esposa ao dizer que não iria se manifestar. Apenas encaminharia documentos que comprovam os arquivamentos citados na notícia, assim como as validações feitas pelo juiz Paulo Furtado.
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