Manobra derrubada
Uma manobra do diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Mauro Henrique Moreira Sousa, foi derrubada ontem por integrantes do órgão. Em dezembro do ano passado, em decisão individual, o diretor-geral ampliou o número de cidades com direito a receber recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral, conhecida como CFEM.
Historicamente, por lei, as receitas são destinadas a municípios que têm mineração em seus territórios. Mudanças recentes na legislação tornaram também beneficiários da CFEM cidades consideradas afetadas pela atividade produtiva e aquelas que são vizinhas aos produtores de minério.
Foi com base no argumento das cidades afetadas que Mauro Henrique, após análise do superintendente de Arrecadação e Fiscalização de Receitas, Daniel Pollack, incluiu municípios que a maioria da diretoria da agência considerou não seguir o que diz a lei e a Constituição Federal.
“A decisão permitiu que municípios que não tinham direito de receber valores devidos a afetados por estrutura de mineração recebessem tais valores indevidamente, em prejuízo dos realmente afetados”, escreveu o diretor que divergiu de Mauro e foi acompanhado por outros dois colegas.
As decisões individuais do diretor-geral sobre a distribuição do CFEM, sem submeter ao colegiado, resultaram em pagamentos na ordem de mais de 792 milhões de reais. Há uma discussão, agora, de como rever os valores distribuídos. Os diretores divergem nesse ponto.
“Sabe-se que as decisões ad referendum são cabíveis em casos que não se possa aguardar uma reunião deliberativa da diretoria colegiada, demonstrando a urgência da decisão, sob pena de violação ao princípio da colegialidade. E quando se trata de repasse de recursos da União para municípios afetados pela mineração? Como é possível repassar uma receita da União sem o devido olhar múltiplo do colegiado, com o objetivo de evitar exatamente erros de repasse de recursos públicos de responsabilidade exclusiva da diretoria colegiada desta agência?”, questionou um dos diretores em seu voto durante reunião na segunda-feira.
Procurada, o diretor-geral e a ANM não se manifestaram.
Alvo da PF e CGU
Mauro Henrique também pode entrar na mira da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União após dar aval para exportação de ao menos 27 mil toneladas de manganês sem origem legal comprovada, como mostrou com exclusividade o Bastidor.
Documentos em posse dos órgãos de investigação, controle e fiscalização mostram que o diretor-geral e o Superintendente de Ordenamento Mineral, Cícero Pedro da Silva Filho, atuaram diretamente no desbloqueio da carga suspeita mesmo com a discordância de outros membros da ANM.
PF prende ex-prefeito, vice e até policial federal em operação contra grupo de Marcos Moura
Leia MaisPL e entorno de Valdemar negam que partido pagará defesa de Braga Netto
Leia MaisAssembleia-Geral de Credores da massa falida aprova plano de liquidação de ativos proposta pelo BofA
Leia MaisFernando Passos é condenado pela CVM a multa de R$ 20 milhões por manipulação de mercado no IRB
Leia MaisSandoval Feitosa busca uma nova sede para a agência reguladora em Brasília
Leia MaisCaso da Amazonas Energia não foi analisado pela Aneel porque chance de derrota era considerável
Leia MaisDesembargador que soltou líder de quadrilha ligada ao Comando Vermelho também será investigado
Leia MaisMoraes concede liberdade a Daniel Silveira, mas o proíbe de ter contato com investigados por golpe
Leia MaisConvicto de sua força política, o empresário Marcos Moura ficou irritado por passar nove dias preso
Leia MaisAgência tira de pauta pedido ampliação do prazo da Amazonas Energia após decisão de juíza
Leia MaisDesembargadora Daniele Maranhão solta Marcos Moura e outros suspeitos presos na operação Overclean
Leia MaisIrmã do ministro da Casa Civil, Rui Costa, assinou contrato com empresa que foi alvo da PF
Leia MaisAGU pede que CVM e PF investiguem quem postou frases falsas de Gabriel Galípolo sobre o dólar
Leia MaisJustiça encerra atividades da Sete Brasil, estatal criada para financiar sondas da Petrobras
Leia MaisMastercard é proibida pela Senacon de reajustar tarifas de crédito e débito em até 62%
Leia Mais