Centrão anula Guedes e toma de assalto Economia
Em conversas na noite de ontem (quinta), expoentes do centrão no Congresso e no governo Bolsonaro celebravam o rompimento aparentemente definitivo da trincheira fiscal de Paulo Guedes.
Um largo grupo de políticos, que são maioria no Parlamento e não se limitam aos partidos do centrão, quer dinheiro que não existe nas contas do governo para gastar com emendas e projetos que ajudem na construção do capital eleitoral de todos em 2022.
A matemática eleitoral, como bem sabem os quatro secretários de Guedes que pediram demissão ontem, não respeita teto nem responsabilidade fiscal.
A soma de 2022 começa com a reeleição de Bolsonaro, passa por ministros, chega a parlamentares e se completa nos compromissos locais dos chefes em Brasília. O resultado está, em parte, no espaço fiscal de 83 bilhões - por enquanto- criado no Congresso. A proposta (uma PEC) tem sólido apoio para ser aprovada.
A aritmética fiscal que se adeque à conta eleitoral, dizem, embora não nesse português claro, líderes do centrão e do governo. Ela será paga pelos brasileiros mais pobres - mas poucos se importam com isso.
Maganos dessa turma avaliam que, a esta altura, a permanência de Guedes no cargo é uma questão menor. Embora Arthur Lira e outros líderes trabalhem para trocá-lo por um nome mais dócil, como Pedro Guimarães, a maioria dos chefes partidários diz não se importar com Guedes.
Eles sabem que, hoje, a bolsa deve cair e o dólar rumar aos 6 reais. Mas torcem para que o estrago fique nisso. O saldo, para eles, ainda será altamente positivo no curto prazo - as eleições de 2022.
Se houver dinheiro para emendas e o governo investir em obras e no Auxílio Brasil, a conta eleitoral estará fechada. “Saindo RP9 (um tipo de emenda), Guedes pode seguir dando live para banco”, diz um dos principais líderes do centrão, não sem um certo desprezo pelo ministro da Economia e um malicioso regozijo pela genuflexão do outrora arrogante economista em face da política chã de Brasília.
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