Silêncio amigo
O governo brasileiro afirmou no fim da manhã desta segunda-feira (29) que espera a divulgação oficial dos resultados detalhados das eleições na Venezuela, realizadas no domingo. Em nota, o Itamaraty disse que só a publicação dos dados desagregados por mesa de votação podem garantir a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado.
A nota anódina ajuda o regime de Nicolás Maduro, que tenta obter reconhecimento internacional para eleições com evidências flagrantes de fraudes. Cada minuto sem uma posição do Brasil sobre o pleito é um minuto em que Lula endossa tacitamente Maduro.
O anúncio de que Nicolás Maduro venceu as eleições na Venezuela mobilizou líderes mundiais. A maioria da comunidade internacional questiona a vitória do líder chavista. Contudo, um pequeno grupo de chefes de estado decidiu parabenizar o ditador venezuelano, que poderá ficar até 17 anos no cargo, caso siga até o fim do futuro mandato, que se iniciará em 2025.
A vitória de Maduro foi anunciada durante a madrugada desta segunda-feira. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), comandado por membros ligados a Maduro, afirmou que, com 80% das urnas apuradas, o atual presidente teria vencido a disputa com 51,2% dos votos. O principal opositor, Edmundo González, ficou com 44,6%, segundo o órgão.
Curiosamente, a rede de TV estatal que apontou os resultados colocou os outros sete candidatos com 4,6% dos votos válidos, cada. Somados, os resultados chegariam a 132% de votos.
O resultado foi imediatamente contestado por González, que afirma ter vencido com 70% dos votos. Pesquisas de boca de urna divulgadas pela Reuters apontavam vitória do opositor de Maduro. Enquanto isso, institutos de pesquisa que seriam ligados ao governo, mostravam que o ditador continuaria no cargo, mas a margem de vitória era maior do que o apurado pelo CNE.
Esta é a segunda vez que Maduro sai vencedor de uma eleição em que são fortes indícios de fraude. Dentro da Venezeuela e nas embaixadas, houve dificuldade para os eleitores chegarem aos locais de votação. Em Roraima, a fronteira com o Brasil foi fechada, impedindo que pessoas pudessem voltar ao país para votar.
Até o momento, a eleição de Maduro só foi apoiada por Rússia, China, Honduras, Cuba, Bolívia e Nicarágua. Os dois primeiros foram os únicos países fora da América a anunciar que parabenizaram o líder chavista. No caso da Rússia, o próprio presidente Vladimir Putin apoiou o venezuelano.
China e Rússia têm grandes interesses comerciais com a Venezuela, sobretudo na exploração de petróleo, principal fonte de renda do governo de Maduro. Os dois países não apoiam o boicote econômico ao regime, realizado pelos Estados Unidos e aliados. Cuba e Nicarágua são governados por ditaduras. Na Bolívia, a recente tentativa de golpe contra o presidente Luís Arce fez com que ele retomasse o discurso mais esquerdista defendido por Evo Morales, apoiador incondicional de Maduro.
O assessor especial de Lula, Celso Amorim, está na Venezuela desde sexta-feira (26). Ele foi o único representante do Brasil a acompanhar o processo eleitoral, já que o Tribunal Superior Eleitoral cancelou o envio de observadores, depois das críticas de Maduro às urnas eletrônicas.
Nesta segunda-feira, ele disse que iria conversar com as equipes de campanha de Maduro e González para entender as versões de cada um sobre o resultado. No Brasil, a oposição tem cobrado um posicionamento firme de Lula contra a apuração das urnas na Venezuela, mas o comunicado do Itamaraty frustrou essa expectativa.
Na outra ponta, além dos Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália estão entre os que contestaram o resultado das eleições venezuelanas. Entre os vizinhos, os principais questionamentos vieram da Argentina, Chile, Equador, Colômbia, Uruguai e Peru.
A falta de apoio já esperada pelos governos da Argentina e Uruguai, ambos liderados por coalizões de direita, colocam um balde de água fria nas pretensões da Venezuela de retornar ao Mercosul. O país de Maduro está suspenso do bloco desde as últimas eleições, quando foram apontadas fraudes nas eleições. Para suspender o embargo, seria necessário o mínimo de adesão dos dois países fundadores. Também por esse motivo, receber o reconhecimento da Rússia e da China é fundamental para Maduro.
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