Silêncio amigo

Samuel Nunes
Publicada em 29/07/2024 às 10:29
Lula preferiu cautela antes de apoiar reeleição de Maduro, que aconteceu sob fortes indícios de fraudes Foto: Gabriela Biló /Folhapress

O governo brasileiro afirmou no fim da manhã desta segunda-feira (29) que espera a divulgação oficial dos resultados detalhados das eleições na Venezuela, realizadas no domingo. Em nota, o Itamaraty disse que só a publicação dos dados desagregados por mesa de votação podem garantir a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado.

A nota anódina ajuda o regime de Nicolás Maduro, que tenta obter reconhecimento internacional para eleições com evidências flagrantes de fraudes. Cada minuto sem uma posição do Brasil sobre o pleito é um minuto em que Lula endossa tacitamente Maduro.

O anúncio de que Nicolás Maduro venceu as eleições na Venezuela mobilizou líderes mundiais. A maioria da comunidade internacional questiona a vitória do líder chavista. Contudo, um pequeno grupo de chefes de estado decidiu parabenizar o ditador venezuelano, que poderá ficar até 17 anos no cargo, caso siga até o fim do futuro mandato, que se iniciará em 2025.

A vitória de Maduro foi anunciada durante a madrugada desta segunda-feira. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), comandado por membros ligados a Maduro, afirmou que, com 80% das urnas apuradas, o atual presidente teria vencido a disputa com 51,2% dos votos. O principal opositor, Edmundo González, ficou com 44,6%, segundo o órgão.

Curiosamente, a rede de TV estatal que apontou os resultados colocou os outros sete candidatos com 4,6% dos votos válidos, cada. Somados, os resultados chegariam a 132% de votos.

O resultado foi imediatamente contestado por González, que afirma ter vencido com 70% dos votos. Pesquisas de boca de urna divulgadas pela Reuters apontavam vitória do opositor de Maduro. Enquanto isso, institutos de pesquisa que seriam ligados ao governo, mostravam que o ditador continuaria no cargo, mas a margem de vitória era maior do que o apurado pelo CNE.

Esta é a segunda vez que Maduro sai vencedor de uma eleição em que são fortes indícios de fraude. Dentro da Venezeuela e nas embaixadas, houve dificuldade para os eleitores chegarem aos locais de votação. Em Roraima, a fronteira com o Brasil foi fechada, impedindo que pessoas pudessem voltar ao país para votar.

Até o momento, a eleição de Maduro só foi apoiada por Rússia, China, Honduras, Cuba, Bolívia e Nicarágua. Os dois primeiros foram os únicos países fora da América a anunciar que parabenizaram o líder chavista. No caso da Rússia, o próprio presidente Vladimir Putin apoiou o venezuelano.

China e Rússia têm grandes interesses comerciais com a Venezuela, sobretudo na exploração de petróleo, principal fonte de renda do governo de Maduro. Os dois países não apoiam o boicote econômico ao regime, realizado pelos Estados Unidos e aliados. Cuba e Nicarágua são governados por ditaduras. Na Bolívia, a recente tentativa de golpe contra o presidente Luís Arce fez com que ele retomasse o discurso mais esquerdista defendido por Evo Morales, apoiador incondicional de Maduro.

O assessor especial de Lula, Celso Amorim, está na Venezuela desde sexta-feira (26). Ele foi o único representante do Brasil a acompanhar o processo eleitoral, já que o Tribunal Superior Eleitoral cancelou o envio de observadores, depois das críticas de Maduro às urnas eletrônicas.

Nesta segunda-feira, ele disse que iria conversar com as equipes de campanha de Maduro e González para entender as versões de cada um sobre o resultado. No Brasil, a oposição tem cobrado um posicionamento firme de Lula contra a apuração das urnas na Venezuela, mas o comunicado do Itamaraty frustrou essa expectativa.

Na outra ponta, além dos Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália estão entre os que contestaram o resultado das eleições venezuelanas. Entre os vizinhos, os principais questionamentos vieram da Argentina, Chile, Equador, Colômbia, Uruguai e Peru.

A falta de apoio já esperada pelos governos da Argentina e Uruguai, ambos liderados por coalizões de direita, colocam um balde de água fria nas pretensões da Venezuela de retornar ao Mercosul. O país de Maduro está suspenso do bloco desde as últimas eleições, quando foram apontadas fraudes nas eleições. Para suspender o embargo, seria necessário o mínimo de adesão dos dois países fundadores. Também por esse motivo, receber o reconhecimento da Rússia e da China é fundamental para Maduro.

Novo chefe no Coaf

19/06/2025 às 14:00

Ricardo Andrade Saadi, delegado da PF, assume a presidência do órgão subordinado ao Banco Central

Leia Mais

Culpado por tabela

18/06/2025 às 19:29

Costa Câmara é preso por conversa do seu advogado com Mauro Cid; que passou ileso por Moraes

Leia Mais

Suprema segurança

18/06/2025 às 19:07

Por unanimidade, ministros do STF concedem proteção vitalícia a ex-integrantes da corte

Leia Mais

Direita trava votação de acordo de extradição com a Argentina, que pode atingir fugitivos

Leia Mais

A bronca em Motta

18/06/2025 às 15:00

Colegas disseram ele parecia mais um integrante do governo do que presidente da Câmara

Leia Mais
Exclusivo

O dossiê da Abin

18/06/2025 às 12:00

PF indicia corregedor por produzir informações contra antecessora e tentar desviar investigação

Leia Mais

2ª Turma do Supremo Tribunal Federal mantém decisão contra doleiro investigado pela Lava Jato

Leia Mais
Exclusivo

Conversa a sós na Abin

18/06/2025 às 00:48

Encontro de diretor da Abin com Ramagem tratou sobre operação secreta em favelas do Rio, diz PF

Leia Mais

Comissão para investigar fraude de 6,3 bilhões de reais no INSS começa no segundo semestre

Leia Mais

Aneel deixa empresa adiar contabilização de 1,4 bilhão, que daria maior desconto na tarifa

Leia Mais

Elmar quer o TCU

17/06/2025 às 19:33

Deputado exige vaga que estava destinada ao PT após acordo firmado com Hugo Motta

Leia Mais

Foz explorada

17/06/2025 às 16:52

Extração no rio Amazonas será feita em 19 pontos, por Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC

Leia Mais

OAB abre caminho para colocar o ex-juiz da Lava Jato Marcelo Bretas na lista dos inaptos à advocacia

Leia Mais

Vazou, pagou

17/06/2025 às 15:38

Dona do WhatsApp é punida por Justiça mineira devido a vazamento de dados de usuários

Leia Mais

Ministro Dias Toffoli dá chance ao governo de negociar ressarcimento aos aposentados roubados

Leia Mais