Por trás dos atritos entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco

Nonato Viegas
Publicada em 29/09/2021 às 11:44
Foto: Wallace Martins/Futura/Futura Press/Folhapress

Na última semana, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira se encontraram e decidiram que o Congresso precisa salvar o governo em relação aos 90 bilhões de reais de precatórios que vencem no ano que vem. Decidiram trabalhar juntos para encontrar uma saída.

O entendimento dos presidentes da Câmara e do Senado, porém, não significa alinhamento, mas uma aliança pontual. De acordo com interlocutores de ambos, os dois estão distantes por diferentes motivos.

No entendimento de Pacheco, Lira tem colocado seus interesses sobre os do próprio governo, que bancou sua ascensão. Exemplo disso, na visão do presidente do Senado, foi a decisão de ignorar a reforma tributária elaborada conjuntamente no Congresso e relatada pelo deputado Aguinaldo Ribeiro.

Em conversa recente, Pacheco lembrou que Lira decidiu ignorar o documento e reiniciar toda a tramitação da matéria na Casa porque Aguinaldo apoiara seu adversário na eleição à Presidência da Câmara. Pacheco não gostou e decidiu manter a reforma no Senado.

Em ao menos duas ocasiões, o presidente do Senado costurou para evitar mudanças bruscas na legislação, como queria seu par. Antes mesmo de a reforma trabalhista e a reforma eleitoral terem sido aprovadas na Câmara, senadores já tinham claro que a reforma trabalhista não passaria e que parte da reforma eleitoral seria abandonada.

Pacheco chegou a enviar um ofício ao Palácio do Planalto informando que, no caso das mudanças trabalhistas, a Câmara havia embutido jabutis inconstitucionais, que violavam princípios democráticos e da separação dos poderes.

Lira não gostou. Considerou uma traição. E passou a dizer que Pacheco só pensa no projeto eleitoral de se apresentar como uma alternativa ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula na disputa presidencial do ano que vem.

O presidente da Câmara foi a Bolsonaro para alertá-lo sobre os interesses eleitorais.

As críticas ficam nos bastidores, mas vez por outra extrapolam ao público. Em recente entrevista, Lira negou qualquer tensão entre eles, mas disse que “[na Câmara] cumprimos acordos e cumprimos com nossas palavras”.

O presidente da Câmara também cobrou "a deslealdade" - utilizando o termo - em trocas de mensagens com o Pacheco. Ele se antecipou a dizer para Bolsonaro e ao ministro Paulo Guedes que Pacheco quer atrapalhar a reforma do Imposto de Renda, a despeito de aprovada pelos deputados e colocada como prioritária pelo governo.

A mudança no imposto permite arrecadação para ajudar no financiamento do Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família.

Rodrigo Pacheco já disse que a mudança no imposto de renda deverá caminhar em conjunto com a reforma tributária.

Apesar do distanciamento, Pacheco rejeita se juntar a articulações contra o presidente da Câmara.

Articuladores políticos do governo que tentam construir uma alternativa a Lira a partir de 2023 e que com frequência tentam enfraquecê-lo com Bolsonaro enviaram interlocutores ao presidente do Senado, que se recusou a manter qualquer tipo de conversa a respeito.

Ainda assim, os que trabalham contra Lira veem na atuação de Pacheco uma forma de fragilizar o presidente da Câmara.

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