Nada de terceiro turno
O terceiro turno da eleição de 2022 projetado pelo presidente Lula e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para acontecer nesta disputa municipal de 2024 não aconteceu. Cada um à sua maneira, os dois colheram resultados adversos e nenhuma grande vitória no primeiro turno. Assistiram a mais um êxito do Centrão.
Bolsonaro perdeu no Rio, seu berço eleitoral. Até conseguiu fazer o deputado Alexandre Ramagem, do PL, chegar aos 30%, mas não foi o suficiente para evitar a reeleição de Eduardo Paes no primeiro turno. Isso aconteceu numa cidade onde seu filho é o vereador mais votado e onde venceu Lula em 2022, por 52% a 48%. O fato é que Bolsonaro não elege mais postes.
Mas o pior para Bolsonaro foi a derrota em São Paulo. Ele titubeou entre seu candidato oficial, o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, e o coach Pablo Marçal, do PRTB, que quase foi ao segundo turno. Chegou a criticar Nunes e fazer acenos a Marçal, para depois mudar e nem aparecer a eventos na cidade.
Ao não assumir Nunes e atacar Marçal, Bolsonaro viu metade do seu eleitorado aderir ao coach, à sua revelia. No final das contas, perdeu nas duas pontas –o sucesso momentâneo de Nunes é creditado ao governador Tarcísio de Freitas, que patrocinou sua candidatura.
Lula da Silva evitou vexames de Bolsonaro quebrando promessas. Havia dito que entraria nas campanhas, mas só foi a eventos em três cidades: São Paulo, São Bernardo do Campo e Fortaleza. Ao sentir o cheiro da derrota, o presidente ficou em Brasília e no exterior.
Lula não deu o apoio prometido nem a Guilherme Boulos, do Psol, que foi ao segundo turno na eleição mais acirrada do país. O presidente obrigou o PT a desistir de um candidato próprio para apoiar Boulos e o lançou no dia 1º de maio. Depois veio uma vez à cidade. Ao não se envolver nas campanhas, Lula não teve desavenças com aliados e evitou ser apontado como derrotado.
Com a ajuda do governo, mas sem a presença maciça de Lula na campanha, o PT teve uma discreta melhora. Com 99% dos votos apurados, o partido cresceu de 178 para 247 prefeituras, número ainda muito distante do que teve durante os dois primeiros mandatos de Lula.
O maior vencedor da eleição foi o Centrão, que controlou o Congresso no governo Bolsonaro e controla no governo Lula. Somados, os partidos do bloco elegeram mais de 1.500 prefeituras.
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