Menos, Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre teve a língua solta e, por vezes, falou mais do que devia. Em outros tempos e mandatos, essa situação era menos perigosa. Mas agora, no momento em que o governo ainda engatinha e precisa costurar frágeis amarras com setores no mínimo desconfiados, com as iniciativas da terceira chegada ao poder, ter o mínimo de noção pode valer ouro.
A Operação Sequaz, que descortinou uma ala do PCC com a intenção de promover ataques a autoridades, entre elas Sergio Moro, foi o alvo da última declaração infeliz do presidente. Nesta quinta-feira, ele disse acreditar que se tratava de uma armação do senador, que foi o algoz do petista na Operação Lava Jato.
Armação? O relatório da Polícia Federal encaminhado à Justiça para pedir a prisão dos suspeitos aponta que o plano dos membros do PCC era bastante sofisticado. Ao menos desde setembro do ano passado, os passos do senador, da mulher dele e dos filhos do casal vinham sendo monitorados de muito perto.
O documento mostra que os criminosos conseguiram até mesmo o e-mail pessoal e o celular da filha de Moro. Anotações feitas em cadernos, mensagens transmitidas em código e a troca constante de aparelhos de telefone tentavam dificultar a ação de quem tentasse investigar o grupo.
O plano contra o senador só foi descoberto depois que um ex-membro da facção decidiu delatar a quadrilha, por ser alvo de ameaças de morte. Ele afirmou que o juiz vinha sendo acompanhado pela "Restrita", grupo de inteligência montado pelo PCC, para obter informações privilegiadas para a quadrilha. A PF foi a campo e, após quebras de sigilos e ações de vigilância, confirmou a existência de um plano em estágio avançado de execução.
A deflagração da Operação Sequaz também virou um fato político. Opositores passaram a afirmar, sem nenhum lastro de prova, que o PCC teria ligações próximas com petistas e que o plano teria sido encomendado pelo partido. Moro também aproveitou a onda e ganhou politicamente.
Muitos políticos na capital o enxergam como um inimigo, seja por terem virado alvos dos processos da Lava Jato ou por desconfiarem de que não será leal.
Isso, no entanto, não dá o direito a Lula ou aos petistas de duvidarem das ameaças sofridas por Moro e pelos familiares, nem mesmo das outras autoridades que também eram monitoradas pela Restrita, cujos líderes se reportam diretamente aos chefes do PCC.
Para Lula, o ideal neste momento seria esperar o andamento das investigações e dar tempo ao tempo. Melhor ainda é o afastamento paulatino dos mais radicais, por maiores que sejam as mágoas que ele guarda consigo contra os detratores.
Mas ele próprio sempre insistiu que não há espaço para paciência neste mandato. Ocorre que, se for para seguir com essa falta de tato – a qual já arrumou brigas desnecessárias –, o presidente terá um caminho bastante penoso nos próximos três anos e nove meses no cargo.
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