Menos, Lula

Samuel Nunes
Publicada em 23/03/2023 às 20:40
Fala de Lula sobre Moro criou nova crise desnecessária, em um governo que ainda pena para se firmar Foto: Érica Martin/TheNews2/Folhapress

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre teve a língua solta e, por vezes, falou mais do que devia. Em outros tempos e mandatos, essa situação era menos perigosa. Mas agora, no momento em que o governo ainda engatinha e precisa costurar frágeis amarras com setores no mínimo desconfiados, com as iniciativas da terceira chegada ao poder, ter o mínimo de noção pode valer ouro.

A Operação Sequaz, que descortinou uma ala do PCC com a intenção de promover ataques a autoridades, entre elas Sergio Moro, foi o alvo da última declaração infeliz do presidente. Nesta quinta-feira, ele disse acreditar que se tratava de uma armação do senador, que foi o algoz do petista na Operação Lava Jato.

Armação? O relatório da Polícia Federal encaminhado à Justiça para pedir a prisão dos suspeitos aponta que o plano dos membros do PCC era bastante sofisticado. Ao menos desde setembro do ano passado, os passos do senador, da mulher dele e dos filhos do casal vinham sendo monitorados de muito perto.

O documento mostra que os criminosos conseguiram até mesmo o e-mail pessoal e o celular da filha de Moro. Anotações feitas em cadernos, mensagens transmitidas em código e a troca constante de aparelhos de telefone tentavam dificultar a ação de quem tentasse investigar o grupo.

O plano contra o senador só foi descoberto depois que um ex-membro da facção decidiu delatar a quadrilha, por ser alvo de ameaças de morte. Ele afirmou que o juiz vinha sendo acompanhado pela "Restrita", grupo de inteligência montado pelo PCC, para obter informações privilegiadas para a quadrilha. A PF foi a campo e, após quebras de sigilos e ações de vigilância, confirmou a existência de um plano em estágio avançado de execução.

A deflagração da Operação Sequaz também virou um fato político. Opositores passaram a afirmar, sem nenhum lastro de prova, que o PCC teria ligações próximas com petistas e que o plano teria sido encomendado pelo partido. Moro também aproveitou a onda e ganhou politicamente.

Muitos políticos na capital o enxergam como um inimigo, seja por terem virado alvos dos processos da Lava Jato ou por desconfiarem de que não será leal.

Isso, no entanto, não dá o direito a Lula ou aos petistas de duvidarem das ameaças sofridas por Moro e pelos familiares, nem mesmo das outras autoridades que também eram monitoradas pela Restrita, cujos líderes se reportam diretamente aos chefes do PCC.

Para Lula, o ideal neste momento seria esperar o andamento das investigações e dar tempo ao tempo. Melhor ainda é o afastamento paulatino dos mais radicais, por maiores que sejam as mágoas que ele guarda consigo contra os detratores.

Mas ele próprio sempre insistiu que não há espaço para paciência neste mandato. Ocorre que, se for para seguir com essa falta de tato – a qual já arrumou brigas desnecessárias –, o presidente terá um caminho bastante penoso nos próximos três anos e nove meses no cargo.

MP mantém poder

25/04/2024 às 19:25

STF define que promotores e procuradores podem realizar investigações criminais independentes.

Leia Mais

Apesar do ano curto e da complexidade, são grandes as chances de o Congresso regulamentar impostos

Leia Mais

Procuradoria defende que STF rejeite recurso do ex-presidente contra inelegibilidade

Leia Mais

Dinheiro resolve

25/04/2024 às 08:44

Governo se comprometeu a pagar 11 bilhões em emendas até abril. Não foi o que ocorreu

Leia Mais

Eleição no Superior Tribunal de Justiça serviu para criticar trabalho virtual de ministros

Leia Mais

Ainda sob risco

24/04/2024 às 07:00

A sobrevida no comando da Petrobras não significa que a pressão sobre Prates tenha diminuído

Leia Mais

PGR pediu à PF que investigue mais a falsificação da carteira de vacinação de Bolsonaro

Leia Mais

Duas vereadoras do PL são apontados como favoritas a formar a chapa com Ricardo Nunes em São Paulo

Leia Mais

O drible da PGR

23/04/2024 às 12:42

Denúncia contra Zambelli por divulgação de falsa prisão de Moraes coloca Judiciário como vítima

Leia Mais

Fim da aclamação

23/04/2024 às 12:00

Eleição de Salomão a vice-presidente provoca mudança no sistema de eleições do STJ

Leia Mais

Chances de indicação de um bolsonarista raiz para a vaga de vice caíram consideravelmente

Leia Mais

TST colocou o presidente Lula em uma intrincada escolha para o novo ministro

Leia Mais

Manifestação em defesa de Jair Bolsonaro é - e será - comício do PL para eleição municipal

Leia Mais

Defesas de empreiteiras contam com prorrogação de prazo para renegociar acordos de leniência

Leia Mais

Bola com Dino

21/04/2024 às 13:44

Desembargadores afastados da funções pelo CNJ pedem que STF corrija erros de Luís Felipe Salomão.

Leia Mais