Lulistas desanimados

O governo tem razões para estar preocupado com as pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias. Os números gerais não variam muito, mas na pesquisa Quaest que saiu nesta quarta-feira, a avaliação positiva do governo caiu até entre eleitores que votaram no presidente Lula em 2022. Isso, sim, é preocupante.

Nos últimos anos, as pesquisas refletem a polarização calcificada no país. Os eleitores de Lula costumam avaliar Lula e seu governo de modo diametralmente oposto ao dos eleitores de Bolsonaro.

Funciona assim: eleitores de Lula dizem que o governo vai bem, eleitores de Bolsonaro dizem que vai mal; eleitores de Lula dizem que o desempenho dele é bom e os de Bolsonaro consideram péssimo. Mesmo diante de dados concretos, prevalece a simpatia por um ou outro.

Na pesquisa Quaest, duas perguntas chamam a atenção. A avaliação geral do governo Lula é positiva para 61% dos que votaram no presidente em 2022. No pico, em agosto do ano passado era de 74%. O índice cai ininterruptamente desde então, e recuou quatro ponto de fevereiro para maio.

Para fazer o contraponto: em agosto de 2023, 51% dos eleitores de Bolsonaro avaliavam mal o governo Lula, o índice mais baixo desde o início da gestão. Agora são 72%.

Em outro item, a Quaest pergunta se o Brasil está indo na direção certa. Entre os eleitores de Lula, os que afirmam que está na direção certa caíram de 78% para 71% de junho de 2023 para cá. Entre os bolsonaristas subiu de 74% para 85%.

Quando perguntados se a economia do Brasil melhorou, o índice de eleitores de Lula que dizem que melhorou caiu de caiu de 61% em dezembro (seu pico) para 48% em maio. Índice mais baixo que este, só em abril do ano passado – 29%. Quando perguntados sobre o futuro, se a economia vai melhorar, a tendência se repete: 69% dos eleitores de Lula diz que sim, mas eles eram 83% em agosto do ano passado.

A queda na satisfação entre os lulistas é significativa porque indica que não se trata de partidarismo: o governo realmente tem problemas, tanto que até seus eleitores mais fieis dão sinais de insatisfação e desânimo, em especial com a economia.

Nos dados gerais, a aprovação de Lula está em 50% contra 47% de desaprovação. Apenas na região Nordeste a aprovação do trabalho do presidente supera a desaprovação - 68% contra 31%.