Coisa digna da ditadura

Leandro Loyola
Publicada em 09/02/2024 às 13:00
Blindado da Marinha no desfile de 7 de setembro em 2021. Bolsonaro foi buscar na ditadura métodos para seu golpe Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Desde que as investigações começaram a expor destalhes, a tentativa de golpe de estado arquitetada por Jair Bolsonaro e os seus soa como uma operação Tabajara mal executada. Mas a leitura dos relatórios da operação Tempus Veritatis assusta pelo fato que, mesmo com tudo isso, o risco de sucesso existiu.

As investigações da Polícia Federal mostraram que Bolsonaro tinha uma Abin paralela para investigar adversários, aliados seus tinham uma estrutura que monitorou adversários com métodos do velho SNI (o serviço secreto da ditadura militar), assessores preparavam um arcabouço jurídico para justificar o golpe e, pior, havia um general disposto a colocar tropas na rua.   

Enquanto o comandante do Exército na ocasião, general Freire Gomes, se recusou a aderir ao golpe, no dia 9 de dezembro de 2022 o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira disse a Bolsonaro que colocaria sua tropa na rua para apoiar o golpe. A equipe de Operações Especiais prenderia o ministro Alexandre de Moraes.

Em números, uma tropa é pouquíssima coisa em um país gigante como o Brasil. Mas, em ambientes conturbados como o do final de 2022, pode ser a faísca essencial. Em 1964, o golpe ainda em gestação foi antecipado para 31 de março porque o general Mourão Filho deslocou uma tropa de Minas para o Rio de Janeiro e precipitou a saída do presidente João Goulart. O serviço de manter um presidente golpista seria mais simples que o de derrubar um presidente.

Conspiração e desrespeito à hierarquia militar, como no caso do general Estevam Theophilo, alimentaram não só o golpe de 1964, mas outros levantes e golpes militares brasileiros no século 20. A investigação da PF traz desagradáveis provas de que este vírus sobrevive.

A leitura dos relatórios assusta pela semelhança do esquema de Bolsonaro com métodos usados pela ditadura militar (1964-85). Por 15 dias de dezembro de 2022, o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara monitorou os passos do ministro Alexandre de Moraes. Espionagem clandestina, com o uso de recursos do Estado para interesses pessoais era coisa praticada pelo SNI, o Serviço Nacional de Informações.

Militares que agem de forma clandestina foram uma marca da ditadura brasileira. A exaltação ao período ditatorial não era coisa de discurso: Bolsonaro foi buscar neste passado os métodos para tentar se manter no poder ilegalmente. 

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