A culpa é dele; não, dele

Samuel Nunes
Publicada em 01/10/2022 às 16:28
Há quase um ano, Lira e Victor posavam juntos para a assinatura de licitações de obras federais em Alagoas Foto: Reprodução/Instagram

O presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor (MDB) atribuiu a Arthur Lira a ação da Polícia Federal, que terminou com a apreensão de R$ 146,5 mil e a abertura de um inquérito por compra de votos.

O político, aliado de Renan Calheiros e do governador Paulo Dantas, diz que o dinheiro foi obtido por meio de atividades privadas. Não disse quais.

Victor está no centro de uma disputa de poder e influência em Alagoas, na qual as famílias Lira e Calheiros são as figuras principais. Há anos, aliados dos dois lados trocam acusações entre si. Assim como o presidente da Câmara, o deputado estadual também tenta se reeleger, mas para manter os Calheiros liderando a política local.

Em extensa nota, Victor faz uma série de acusações a Arthur Lira, dizendo que o deputado "coloca a seu serviço a Polícia Federal, entidade que deveria se manter distante do campo político-partidário". 

Ele alega ter sido abordado pelos policiais enquanto almoçava com assessores; não estava rodeado de eleitores, tampouco exercendo qualquer ato de campanha que pudesse ensejar uma tentativa de compra de votos. Segundo a Policia Federal, durante a abordagem um desses assessores fugiu com uma mala. Ninguém foi preso.

Lira conversou com o Bastidor e enviou nota rebatendo as acusações de Marcelo Victor. O presidente da Câmara se irritou por ter sido procurado para explicar o suposto crime cometido pelo opositor. "Você acha que alguém tem ingerência na Polícia Federal?", disse.

"Sem conseguir justificar o crime eleitoral, o grupo dos Calheiros tenta mais uma vez me atacar para encobrir seus malfeitos. Todo mundo sabe que Renan Calheiros tem ingerência entre delegados, mas nem assim conseguiu evitar a apreensão", disse o presidente da Câmara na nota.

Leia abaixo a íntegra da nota de Marcelo Victor

"Ontem (30), fui vítima de uma armação policialesca orquestrada por Arthur Lira, chefe do Orçamento Secreto e famoso por perseguir aqueles que não se submetem aos seus caprichos e ideais políticos.

Arthur Lira não tem hesitado em se valer de absurdas interferências na Polícia Federal, sua gestapo particular. A mesma que, convenientemente, vazou informações sobre investigações realizadas em desfavor de seu correligionário e prefeito afastado de Rio Largo-AL, ordenando procedimentos que, sem dúvidas, caracterizam a prática de gravíssimas infrações penais, a exemplo de abuso de autoridade que, mais adiante, deverá ser alvo de investigação.

Autoritário, Arthur Lira coloca a seu serviço a Polícia Federal, entidade que deveria se manter distante do campo político-partidário. Desta forma, Arthur Lira traz de volta as ilegítimas abordagens para averiguação, comuns no Brasil durante a ditadura militar.

A verdade é que fui abordado, enquanto almoçava num restaurante em companhia de assessores, por agentes de polícia que anunciavam ter recebido denúncia relacionada com uma imaginária compra de votos. Denúncia mentirosa, comprovado pelo fato de o comandante da operação não saber sequer informar o conteúdo e a autoria da notícia que afirmara lhe ter chegado, promovendo diligência arbitrária e há muito vedada pela pacífica jurisprudência.

Esclareço que não havia, na minha companhia, aglomerado de eleitores, não se tratando de ato de campanha. Ao contrário, apenas estava conversando com assessores num restaurante, ambiente de livre acesso ao público com grande fluxo de pessoas, o que por si é suficiente para mostrar a falsidade da suposta denúncia e, consequentemente, a ilegalidade da abordagem.

Comigo, foi encontrada uma quantia obtida através de minhas atividades privadas, não tendo sido achado qualquer documento que pudesse sugerir captação ilícita de voto. 

Por não ter cometido qualquer delito, não houve prisão, como foi falsamente noticiado pelo candidato Alfredo Gaspar, aquele a quem os próprios colegas acusam de ter se utilizado politicamente do cargo de Procurador-Geral de Justiça em benefício próprio e para tentar entrar para a política, vendendo a alma por mais de R$ 2 milhões do fundão eleitoral coincidentemente administrado por Arthur Lira."

Leia abaixo a íntegra da nota de Arthur Lira

Todo mundo conhece o deputado Marcelo Victor e quais os métodos que utiliza pra conseguir os votos. Quem publicou a notícia foi a Folha de São Paulo, e as imagens que circulam na rede provam a compra de votos em favor de Marcelo Vitor, Paulo Dantas e Renan Filho. Sem conseguir justificar o crime eleitoral, o grupo dos Calheiros tenta mais uma vez me atacar para encobrir seus malfeitos. Todo mundo sabe que Renan Calheiros tem ingerência entre delegados, mas nem assim conseguiu evitar a apreensão. Além disso, o governador de Alagoas determinou a substituição de 33 comandantes de policiamento nas cidades que lhe fazem oposição. Agora, toda Alagoas sabe o motivo para esse ato. Renan Calheiros e Marcelo Vitor são sócios no maior uso da máquina pública em favor do candidato Paulo Dantas. Se eu tivesse ingerência na PF a operação Edema, por exemplo, não estaria engavetada e os envolvidos estariam na cadeia.

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