O naufrágio após 17 anos
A corte especial do Superior Tribunal de Justiça condenou, nesta quarta-feira (4), 10 dos 15 denunciados pela Operação Naufrágio, iniciada em 2008, que apurou venda de decisões no Tribunal de Justiça do Espírito Santo e corrupção em cartórios no estado. Mas inocentou os principais envolvidos.
Réus considerados os principais operadores do esquema que envolveu desembargadores, advogados e seus familiares foram absolvidos. Outros réus receberam penas de 4 anos, em regime semiaberto.
O relator do caso, Francisco Falcão, levou quatro horas para ler todo seu voto e mostrar as provas colhidas durante as investigações. Áudios de ligações grampeadas mostravam os réus falando cifrado sobre pagamentos por decisões. Chamavam o dinheiro de" bolo" e "mandioca" e chegaram a dizer que os valores iriam para casas de caridade.
Além das ligações telefônicas, Falcão mostrou os dados apresentados pela PF e pelo MPF, que mostravam toda a sequência de fatos que corroborava os planos discutidos ao telefone pelos réus.
Mesmo assim, apenas os ministros Maria Thereza de Assis Moura, Benedito Gonçalves e Sergio Kukina concordaram com Falcão. O restante votou com Mauro Campbell, que abriu divergência para absolver o desembargador Robson Albanez e o advogado Gilson Mansur Filho das acusações de corrupção passiva e ativa.
Acompanharam Campbell os ministros Humberto Martins, Og Fernandes, Joel Ilan Paciornik, Raul Araújo, Messod Azulay, Isabel Gallotti, Ricardo Villas Boas Cuêva e Luís Felipe Salomão. O único ministro a não votar na sessão de hoje foi Antônio Carlos Ferreira, por problemas de saúde.
Mortos e prescrições
O Bastidor já mostrou que o tempo transcorrido entre o início da operação Naufrágio (em 2008) e seu efetivo julgamento pelo STJ diminuiria a possibilidade de punir os réus, por conta da morte de alguns deles e das prescrições das penas. Já morreram, por exemplo, os desembargadores acusados de vender decisões Frederico Pimentel, Josenider Tavares e Elpídio Duque.
A prescrição total das penas alcançou Pedro Scopel, empresário pego em grampo pela PF falando sobre como compraria decisões para reverter derrotas na Justiça capixaba. Foi a partir de uma investigação envolvendo Scopel, sobre fraudes tributárias, que surgiu a Naufrágio.
O grupo mais afetado foi a família Schaider-Pimentel, que era liderada à época dos fatos pelo então presidente do TJES, Frederico Pimentel, já falecido. Os filhos de Pimentel, Frederico, Dione e Larissa Schaider Pimentel foram punidos.
Frederico e a esposa, também Larissa, foram juízes no Espírito Santo. Ele foi demitido no estágio probatório e condenado a pouco mais de 16 anos de prisão em regime fechado. Ela foi absolvida e demitida compulsoriamente da magistratura. Dione e Larissa Schaider Pimentel eram servidoras do TJES e receberam penas de quatro anos de prisão em regime semiaberto.
O advogado Paulo Duque, filho do desembargador Elpídio, foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por sua atuação no esquema de venda de sentenças. Durante as investigações, seu pai foi pego com 500 mil reais dentro de casa.
Interpol coloca deputada foragida na lista de criminosos procurados pelo mundo
Leia MaisPesquisa mostra que eleitores preferem que ex-presidente aponte um candidato para 2026
Leia MaisConvenção Nacional do PSDB aprovou nesta quinta-feira (5) a incorporação de partido de Renata Abreu
Leia MaisTCU chancela acordo entre RioGaleão, Anac e governo sobre concessão do aeroporto carioca
Leia MaisAlexandre de Moraes vê tentativa de obstrução e manda abrir nova investigação contra Carla Zambelli
Leia MaisMendonça indica que vai divergir de Toffoli, Fux e Barroso no julgamento do Marco Civil da Internet
Leia MaisDívida da empresa com fisco pode passar de 2 bilhões de reais, mas penalização está distante
Leia MaisDepois de acionar Cade, ministro de Minas e Energia pede atuação de ANP, Receita e Inmetro
Leia MaisPesquisa mostra um governo fraco diante de um escândalo popular e desejo de investigação
Leia MaisCade chancela controle da J&F sobre Eldorado Celulose e disputa com Paper Excellence termina
Leia MaisJustiça bloqueia dinheiro e bens de investigados por descontos ilegais sobre em aposentadorias
Leia MaisSuperintendência do Cade não vê problemas para o mercado e aprova união foi anunciada em maio
Leia MaisMoraes determina prisão de Carla Zambelli, que fugiu para a Itália, além de bloqueio de suas contas
Leia MaisPreso pela PF em operação que investiga venda de sentenças pede soltura com argumento inconsistente
Leia MaisAniversário de esposa de dono da Amil - e delator - contou com presença de ministros do STF e do STJ
Leia Mais