Chegou a Bolsonaro
Pela primeira vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo direto de uma operação da Polícia Federal. Desde cedo nesta quinta-feira, ele e seus assessores diretos são acossados pelos agentes pela suspeita de terem atuado durante meses para desacreditar as eleições, melar seu resultado e tentar dar um golpe de Estado.
É a mais ampla operação da PF na longa investigação sobre o que aconteceu no dia 8 de janeiro do ano passado. Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas a íntegra do despacho ainda não foi divulgada.
Bolsonaro terá de entregar seu passaporte - portanto, não pode sair do país - e está proibido de manter contato com os outros investigados. Até agora, as outras operações atingiam seus filhos e assessores.
Policiais federais e militares do Exército estão cumprindo quatro mandados de prisão preventiva, 33 mandados de busca e apreensão e 48 medidas cautelares, como a apreensão de passaportes e afastamento das atividades para as pessoas que exercem funções públicas.
A operação é realizada nos estados de Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. A participação dos militares ocorre porque diversos alvos pertencem ao Exército, incluindo quatro generais de quatro estrelas.
Os nomes dos alvos não foram divulgados pela PF, mas alguns já vazaram. São eles:
Alvos de prisão preventiva:
- Filipe Martins: ex-assessor de Bolsonaro;
- Marcelo Câmara: coronel do Exército, já citado nas investigações das jóias e da fraude nos cartões de vacina da família do ex-presidente;
- Rafael Martins: major das Forças Especiais do Exército;
Alvos de busca e apreensão:
- Jair Bolsonaro: ex-presidente da República;
- Braga Netto: ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, em 2022
- Augusto Heleno: general do Exército e ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, já é investigado por suposta conivência com os golpistas, no breve período em que foi secretário de Segurança Pública do DF;
- Paulo Sérgio Nogueira: general e ex-comandante-geral do Exército;
- Almir Garnier Santos: almirante e ex-comandante-geral da Marinha;
- Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira; general do Exército e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres;
- Bernardo Romão Corrêa Netto: coronel do Exército;
- Valdemar da Costa Netto: presidente do PL, partido em que Bolsonaro está filiado e pelo qual concorreu às eleições em 2022.
Segundo a PF, a atuação dos investigados aconteceu em dois momentos distintos. O primeiro tratou de espalhar notícias falsas sobre vulnerabilidade das urnas eletrônicas desde 2019. Na segunda etapa, com o apoio de militares, eles subsidiaram as ações que culminaram na tentativa golpista dia 8 de janeiro.
As investigações mostraram, de acordo com a polícia, que a ação dos militares incluiu a transferência de conhecimento de táticas de forças especiais em ambiente politicamente sensível.
Investigações contra Bolsonaro
A operação desta quinta faz parte de uma das três investigações que podem levá-lo à cadeia. São elas:
- Atos golpistas – Ele é suspeito de ser o principal articulador das ações golpistas do dia 8 de janeiro, já que seria o principal beneficiário, pois o pedido dos manifestantes era para que ele fosse mantido no cargo.
- Abin – A Polícia Federal investiga a existência de um grupo dentro da Agência Brasileira de Inteligência que atuava para fornecer a Bolsonaro informações privilegiadas sobre adversários políticos, usando ferramentas para a quebra de sigilo telemático sem a devida autorização judicial
- Jóias – Bolsonaro também é investigado pela tentativa de se apropriar de diversos presentes entregues pela Arábia Saudita, que incluiriam conjuntos de jóias avaliados em cerca de 5 milhões de reais.
Nas últimas semanas, três operações miraram diretamente pessoas próximas a Bolsonaro. Na primeira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), atual líder da oposição na Câmara. Assessores dele também foram alvos de mandados. A suspeita é de que ele faria parte do grupo que ajudou a planejar os atos do dia 8 de janeiro.
A segunda foi contra o também deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, suspeito de chefiar o grupo que fornecia informações privilegiadas a Bolsonaro, à revelia da Justiça. A terceira também foi ligada ao caso da agência, mas teve como principal alvo o filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), apontado como uma das pessoas que recebeu as informações repassadas por Ramagem.
Todos os envolvidos nas três operações realizadas até aqui negaram os atos ilícitos pelos quais são investigados.
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