A vez de Rosa Weber

Diego Escosteguy
Publicada em 11/08/2022 às 06:00
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

A ministra Rosa Weber foi eleita ontem à Presidência do Supremo Tribunal Federal sob uma expectativa aparentemente inatingível: preservar a legitimidade e autoridade da corte máxima do país durante as eleições mais tempestuosas desde a redemocratização. Ela assume oficialmente o cargo daqui a um mês, no auge da campanha. (A escolha de Rosa segue o rito da corte; não houve surpresa.)

Seja pelas ações do presidente Jair Bolsonaro, seja pelas decisões que os ministros tomaram ou deixaram de tomar no mandato dele, o Supremo tornou-se sócio da patuscada de 2022. Uma vez estabelecido o enrosco, será difícil sair dele a tempo de outubro.

O caminho até aqui é conhecido. Desnecessário relembrar o passado recente. Mas, se há jeito de proteger a integridade malferida do Supremo e, a um só tempo, o estado democrático de direito, esse jeito provavelmente envolve as virtudes de Rosa. Circunspecção, equilíbrio, razoabilidade e verbo nos autos, não em discursos - o Supremo precisará disso para se afastar da barafunda institucional da qual virou partícipe. 

Slogans gastos e pronunciamentos grandiloquentes, se repetidos amiúde como verdades morais inquestionáveis, aproximarão ainda mais o tribunal da política. Reforçarão a percepção, facilmente explorável na era digital, de que, a pretexto de defender a ordem constitucional, o Supremo trabalha para eleger Lula, em vez de se limitar, como se fosse fácil esse mister, a defender o estado democrático de direito de possíveis atos golpistas do presidente.

Se Rosa, a ministra mais discreta do tribunal, der o tom que lhe é natural por temperamento e hábito, sua liderança pode ser benéfica a um Supremo ainda conflagrado pelo estado permanente de guerra criado contra Bolsonaro. O silêncio de seus colegas nos momentos difíceis, e eles não serão poucos nos próximos meses, ajudaria, embora essa colaboração seja um tanto improvável. 

Sob o exemplo de Rosa, os ministros farão uma grande favor ao tribunal e a si mesmos se mantiverem uma certa bonomia, há tempos ausente, em face de questiúnculas e ataques menores. Nem toda crítica é "fake news". Nem todo comentário incisivo e desagradável é "coisa de bolsonarista". Nem toda decisão visa a preservar a ordem democrática. Um pouco menos de fatuidade cairia bem.

Essa bonomia não significaria genuflexão perante ameaças golpistas. Não expressaria fragilidade. Revelaria sabedoria para saber agir quando agir for realmente necessário. Se esse momento sobrevier, o momento da ação mais difícil diante de um presidente fora de controle, o Supremo precisará seguir as virtudes - e o exemplo - de Rosa.

Relatório da PF sobre investigação da tentativa de golpe completa lacunas que tinham gerado dúvidas

Leia Mais

Luiz Zveiter, homem forte do Judiciário fluminense, perde eleição para presidente do TJRJ

Leia Mais

Bets pedem que Senado evite projetos que possam aumentar a carga tributária sobre seus negócios

Leia Mais

Nada de consenso

25/11/2024 às 13:18

STF recebe manifestações sobre disputa bilionária entre CSN e Ternium pelo controle da Usiminas.

Leia Mais

Assembleia Legislativa de SP homenageia líder do grupo terrorista Hezbollah

Leia Mais

STF nega pedido do governador do DF para ter direito a nomear procurador-geral do Ministério Público

Leia Mais

Gonet pede ao STF que barre emenda que permite reeleições nos maiores tribunais de justiça

Leia Mais

Investigação sobre golpe mostra fragilidade do sistema de validação de linhas telefônicas

Leia Mais

Fora da Caixa

22/11/2024 às 16:20

Ex-vice-presidente da Caixa é demitido do serviço público por justa causa por assédio sexual e moral

Leia Mais

Senacon acusa planos de saúde de práticas abusivas e abre processos contra 17 empresas do setor

Leia Mais

PF libera nome de alvos de indiciamento, mas não o relatório sobre a tentativa de golpe de Estado.

Leia Mais

Pode pedir música

21/11/2024 às 18:00

Bolsonaro e outros 36 são indiciados pela PF por tentativa de golpe após eleições de 2022

Leia Mais

Foco no streaming

21/11/2024 às 17:33

Comcast decide se desfazer da CNBC, cuja marca estreou no último fim de semana no Brasil

Leia Mais

Em ação antitruste, Departamento de Justiça dos EUA quer que empresa venda o navegador Chrome

Leia Mais

Governo de Alagoas abate quase metade da dívida da usina falida e procuradores levam comissão de 20%

Leia Mais