Amarrando as pontas
O relatório de mais de 800 páginas da investigação da Polícia Federal, liberado nesta terça-feira (26), conta com detalhes a história da fracassada tentativa de golpe de estado para manter Jair Bolsonaro no poder. Pela primeira vez, Bolsonaro aparece no centro da ação, como líder do grupo golpista que atuou no governo. Entretanto, o ainda existem lacunas em relação à participação de Bolsonaro em alguns pontos capitais.
O material extenso detalha os passos do grupo golpista e entremeia as narrativas com mensagens de texto e depoimentos de testemunhas para formar a história que será contada aos brasileiros no futuro. O documento foi liberado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O documento detalha, por exemplo, a manipulação de dados promovida por Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, e do Instituto Voto Legal, em um relatório para tentar desacreditar as urnas eletrônicas. Segundo a PF, essa era a principal estratégia de desinformação do grupo liderado por Jair Bolsonaro para criar um clima de instabilidade política que permitisse o golpe.
Trocas de mensagens entre membros do IVL com Valdemar mostram como os dados foram alterados para dar ares de veracidade a um relatório cujo conteúdo era facilmente questionável. Esse documento embasou uma ação do PL que pedia a recontagem de votos, ignorando urnas mais antigas, as quais, em tese, dariam a vitória a Lula. Por causa dessa ação, o partido acabou condenado por litigância de má-fé e ao pagamento de uma multa de 22 milhões de reais.
Há também detalhes sobre como a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para ajudar a criar narrativas falsas sobre as urnas, com o apoio do então diretor da entidade, Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Notas encontradas em seu computador mostram como ele atuava para incentivar os devaneios de Bolsonaro sobre a insegurança das urnas e instigava o então presidente a adotar medidas drásticas.
Um dos pontos fortes do documento é a participação dos militares que ajudaram a fomentar a tentativa de golpe. Segundo os policiais, as táticas de divulgação de notícias falsas fazem parte de uma estratégia estudada pelos membros das forças armadas, com o objetivo de difundir uma narrativa em prol de determinado fim – no caso, o golpe contra o resultado das eleições de 2022.
Mensagens de texto entre os investigados mostram indícios de que parte deles mentiu à Polícia Federal, quando questionados sobre as ações que estavam executando. Também mostra detalhes de reuniões preparatórias não só para o golpe e a tentativa fracassada de assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin, como a redação de uma carta aberta endereçada aos membros do Alto Comando do Exército, pressionando-os a aderir ao movimento golpista.
A participação de Jair Bolsonaro, segundo o documento, foi ativa. Depoimentos de testemunhas e do principal delator, Mauro Cid, apontam que o ex-presidente participou diretamente de reuniões tanto para a redação da minuta golpista encontrada com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, como de outros atos relacionados às ações que seriam tomadas.
Os investigadores ainda relacionaram no documento registros de entrada e saída dos palácios do Planalto e da Alvorada, localização de linhas celulares, datas e locais de reuniões não só com o ex-presidente mas, principalmente, com o general Walter Braga Netto. Segundo os policiais, Braga Netto foi um dos principais articuladores do esquema.
Leia a íntegra do relatório
Reino Unido derruba esquema de oligarcas russos que usavam criptomoedas para burlar sanções.
Leia MaisDemissão do diretor de marketing Eduardo Tracanella cria crise interna após comunicado implausível
Leia MaisInterCement entra com pedido de recuperação judicial para reestruturar dívidas de R$ 14,2 bilhões
Leia MaisMuito além dos assédios
Caixa move ações contra Pedro Guimarães por enriquecimento ilícito e improbidade à frente do banco
Leia MaisEm pedido a Flávio Dino, AGU defende mais interesses do Congresso que do governo sobre emendas
Leia MaisSérgio Rial escapa de punição da CVM pelo caso Americanas devido ao 2 a 2 no julgamento
Leia MaisSTJ mantém posição contra a empresa, e a favor da CSN, sobre indenização de 5 bilhões de reais
Leia MaisAgrogalaxy apresenta plano de recuperação judicial e afirma ter demitido cerca de 800 empregados
Leia MaisDepoimento de presidente da Loterj deixa claro que é impossível verificar apostas por estado
Leia MaisAneel tem maioria para definir prazo de 180 dias para aporte em distribuidoras de energia
Leia MaisTJGO decide nesta terça-feira se bloqueia bens de empresário especialista em fugir de credores
Leia MaisAneel pode analisar hoje caso que impõe aportes de 10 bilhões de reais em distribuidoras de energia
Leia MaisKassio conclui que TJ de Alagoas está apto a julgar recursos da falência da usina Laginha
Leia MaisAo mesmo tempo que tenta barrar Lei das Bets no Supremo, CNC atua pela liberação dos cassinos
Leia MaisMinistro libera o pagamento de emendas parlamentares com condicionantes que ajudam governo
Leia Mais