Falta pouco

Karen Couto
Publicada em 30/09/2024 às 21:52
André Esteves, principal credor da Oi Foto: Raquel Cunha/Folhapress

Sem alarde, a Oi e o banqueiro André Esteves, do BTG, estão a dias de fechar um dos mais vantajosos acordos já firmados entre uma empresa do setor e o governo federal. A transação permitirá à Oi abandonar a concessão de telefonia fixa e operar com mais liberdade no mercado de telecomunicações. Foi decisivo para o acordo controverso a participação do presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Bruno Dantas, que criou uma área de soluções consensuais na corte.

O Termo de Transação, assinado hoje (30) pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, teve a anuência da Advocacia-Geral da União. Agora, depende da aprovação da Anatel. Em troca, a Oi promete investir 5,8 bilhões de reais em infraestrutura de internet até 2028. A Anatel afirmou que o acordo deve ser assinado em 10 dias.

O acordo permanece em sigilo, assim como aconteceu no TCU, na AGU e no Ministério das Comunicações. A expectativa é que a Anatel também mantenha essa postura. Até agora, não houve nenhum comunicado para a imprensa; apenas uma nota breve foi publicada no site da Anatel. Não há justificativa razoável para tamanho segredo acerca de uma transação de tamanho impacto - e, a se acreditar na empresa e nos demais atores envolvidos, tão benéfica ao interesse público.

Segundo informou a AGU a pedido do Bastidor, o acordo permite que a Oi migre do regime de concessão, que tem mais exigências, para um regime de autorização, com menos obrigações. A empresa também se compromete a manter a telefonia fixa onde é a única prestadora e a fornecer internet gratuita para mais de 4 mil escolas públicas. Além disso, a dívida de 8,7 bilhões de reais da Oi com a Anatel seria renegociada, com uma entrada de 80 milhões e o restante parcelado. Desconhecem-se os índices de correção e as cláusulas por eventual descumprimento do contrato.

Apesar dos compromissos firmados, o acordo é alvo de críticas. Como mostrou o Bastidor, especialistas e a área técnica do Tribunal de Contas da União apontam que ele pode causar um prejuízo de 17 bilhões aos cofres públicos. A principal crítica é que a Oi pagaria um valor reduzido pela infraestrutura que deveria devolver à União, avaliada entre 19,92 bilhões e 23,26 bilhões de reais. Com o acordo, esse montante cai para 5,8 bilhões.

O banqueiro André Esteves, dono do BTG e credor da Oi, também é apontado como um dos maiores beneficiados. Sua empresa, a V.tal, seria responsável pelos investimentos da Oi. Especializada em infraestrutura digital, o objetivo da V.tal é colocar a maior parte desse dinheiro na instalação de cabos de internet submarinos e de datacenters privados, em áreas de alto interesse econômico, em vez de levar internet às localidades que ainda têm dificuldade de acesso, algo previsto no contrato inicial da concessão.

E os benefícios não ficam por aí: caso a V.tal não cumpra nem mesmo esse investimento, o problema recairá apenas sobre a Oi, sem nenhuma cobrança posterior à companhia de Esteves.

A Oi, que está passando pela segunda recuperação judicial, tem um histórico de problemas financeiros. Para muitos, o governo e a Anatel seguem um padrão de resgate que favorece a empresa em detrimento do interesse público. Sem o acordo, a Oi corre o risco de quebrar, o que também traria altos custos para o governo. Caso a União decida reassumir a operação, o valor oscilaria entre 2 bilhões de reais e 4 bilhões de reais. A título de comparação, as dívidas da companhia com a Anatel ultrapassam os 7 bilhões de reais, segundo a própria agência reguladora.

Em comunicado, a Oi comemorou o "desfecho de uma solução consensual". Como revelado pela Revista Piauí, parte desse acordo foi firmada com a participação do próprio Esteves e de Bruno Bianco, advogado-geral da União no governo de Jair Bolsonaro que se tornou diretor jurídico do banco.

Polícia investiga cooperativa do Espírito Santo que recebeu R$ 42 milhões desviados de ataque hacker

Leia Mais

De volta ao STJ

08/07/2025 às 14:28

Zanin devolve investigação de venda de sentenças no TJMT ao STJ, onde há servidores envolvidos

Leia Mais

É a PF, Mano

08/07/2025 às 09:05

Policiais fazem buscas contra deputado federal Junior Mano, do Ceará, por fraudes com emendas

Leia Mais

Justiça mantém prisão temporária de funcionário que facilitou ataque hacker a sistema financeiro

Leia Mais

Empresa negocia dívida bilionária com União e, por conta disso, atrasa entrega de documentos à CVM

Leia Mais
Exclusivo

11 anos por terrorismo

07/07/2025 às 17:26

Justiça condena homem que recrutava brasileiros para atuar pelo Estado Islâmico

Leia Mais

Trump critica processo contra ex-presidente, em meio a ameaças econômicas contra membros dos Brics

Leia Mais
Exclusivo

O cozinheiro do roubo

04/07/2025 às 19:34

Atual dono de fintech investigada pela Polícia Civil nunca teve relação com instituições financeiras

Leia Mais
Exclusivo

Uma dezena de fintechs suspeitas

04/07/2025 às 18:27

Polícia identifica novas intermediárias por onde passou dinheiro do maior roubo ao sistema bancário

Leia Mais

Moraes suspende decretos de Lula e do Congresso sobre imposto e convoca conciliação para o dia 15

Leia Mais
Exclusivo

Uma fintech suspeita

03/07/2025 às 23:57

Polícia rastreia 270 milhões de reais do roubo aos bancos a contas na Soffy Soluções de Pagamento

Leia Mais
Exclusivo

O roubo de 3 bilhões de reais

03/07/2025 às 23:46

Polícia Civil estima que invasão hacker a bancos resultou no maior assalto já registrado no país

Leia Mais
Exclusivo

O hacker caiu

03/07/2025 às 23:33

Polícia Civil de São Paulo prende autor do roubo bilionário às contas reservas do Banco Central

Leia Mais
Exclusivo

A ofensiva petista nas redes

03/07/2025 às 18:46

Partido coloca no ar campanha com o mote pobres x ricos para expor o Congresso e a direita

Leia Mais

Governo propõe ressarcir aposentados roubados se puder fazer isso com dinheiro de fora do orçamento

Leia Mais