Tchau, dinheiro público
O Tribunal de Contas da União (TCU) deve julgar nesta quarta-feira (3) um processo que poderá resultar em prejuízo de pelo menos 17 bilhões para a União. O caso trata de um acordo entre a Oi e a Agência Nacional de Telecomunicações. O principal beneficiário, contudo, não será a empresa, mas o principal credor dela, o banqueiro André Esteves, dono do BTG.
O caso foi divulgado na segunda-feira (2), pela revista Piauí. Segundo a reportagem, a disputa se trata da tentativa da Oi de se livrar da concessão de telefonia fixa, adquirida pela antiga Telemar, em 1998. Do ponto de vista econômico, isso facilitaria a reestruturação da empresa, pois ela deixaria de ser obrigada a investir na melhoria do serviço, conforme estava previsto no contrato original.
Ao adquirir a concessão, a Telemar também levou no pacote toda a infraestrutura já construída pelo poder público. Isso incluía carros, redes e, principalmente, uma série de imóveis, em locais valorizados. Ao desistir, a empresa teria que devolver esses bens à União.
O acordo em debate no TCU permite que a Oi continue com a propriedade de toda essa infraestrutura, cuja avaliação da Anatel varia de 19,92 bilhões a 23,26 bilhões. Em troca, a empresa pagaria apenas 5,8 bilhões à União. O Ministério Público junto ao TCU contesta esse "desconto", que chegaria a 17 bilhões de reais, uma redução de 75%.
Todo o processo corre sob sigilo, sob a relatoria do ministro Jorge Oliveira. A área técnica do TCU também se posicionou contrária ao acerto, que já foi assinado pela Oi e pela Anatel e aguarda apenas a homologação por parte dos ministros, o que pode ocorrer nesta quarta-feira, sem que ninguém saiba o resultado.
O papel de Esteves
O dono do BTG, André Esteves, entra na disputa por ser o principal credor da Oi. Segundo o acordo, em vez de pagar os 5,8 bilhões de reais em dinheiro à União, a empresa de telefonia se comprometeu a investir 5 bilhões na melhoria da infraestrutura de telecomunicações do país, pagando, efetivamente, apenas 800 milhões de reais.
A questão é que toda essa quantia seria investida pela empresa V.tal, especializada em infraestrutura digital. A companhia pertence a Esteves e já tem um plano de investimentos para esse dinheiro. Ele passa longe dos interesses públicos.
O objetivo da V.tal é colocar a maior parte desse dinheiro na instalação de cabos de internet submarinos e de datacenters privados, em áreas de alto interesse econômico, em vez de levar internet às localidades que ainda têm dificuldade de acesso, algo previsto no contrato inicial da concessão.
Além disso, caso a V.tal não cumpra nem mesmo esse investimento, o problema recairá apenas sobre a Oi, sem nenhuma cobrança posterior à companhia de Esteves. Tudo isso é veementemente criticado pelo Ministério Público.
De acordo com a reportagem, parte desse acordo foi firmada com a participação do próprio Esteves e de Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União, no governo de Jair Bolsonaro. No governo, a costura teria sido feita com a anuência do ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Grande parte das casas de apostas autorizadas pelo governo tem registro em paraísos fiscais
Leia MaisSegundo turno em Goiânia será ensaio da disputa por espaço dentro da direita em 2026
Leia MaisFrederico Siqueira Filho, presidente da estatal, responde a ação por improbidade administrativa
Leia MaisTribunal arbitral determina que a Eldorado Celulose pague os dividendos referentes ao ano de 2023
Leia MaisLula e Bolsonaro ensaiaram, mas não houve reedição de 2022: quem ganhou mesmo foi o Centrão
Leia MaisPSD se torna o campeão de prefeituras, toma o lugar do MDB e ganha musculatura para 2026
Leia MaisEleitor vereador em Balneário Camboriú, Jair Renan é o quarto filho de Jair Bolsonaro na política
Leia MaisEm Alagoas, senador do MDB elege mais prefeitos que seu inimigo, o presidente da Câmara
Leia MaisEleições terminam no primeiro turno em 11 capitais, neste domingo; outras 25 terão segundo turno.
Leia MaisCom apoio envergonhado de Bolsonaro e Lula, Nunes e Boulos vão disputar o segundo turno em São Paulo
Leia MaisDos 16 municípios do Amapá, senador favorito a assumir o comando do Congresso elege aliados em 10
Leia MaisPresidente diz que apresentará novas regras para as bets, mas se não fizer efeito tentará proibir.
Leia MaisPresidente do TSE, ministra Cármen Lúcia diz que eleições municipais estão ocorrendo na normalidade.
Leia MaisApós fazer o M, deputado incomoda PL e Bolsonaro ao silenciar sobre baixaria do laudo falso.
Leia MaisPF vai investigar Pablo Marçal por divulgar laudo médico fraudulento sobre Guilherme Boulos.
Leia Mais