Pimentel e PT perdem na Saúde

Alisson Matos
Publicada em 20/03/2024 às 06:00
Magalhães esteve com Pimentel na prefeitura de BH, no governo do estado e na gestão Dilma Foto: Reprodução

A exoneração do ex-secretário de Atenção Especializada à Saúde Helvécio Magalhães, após denúncia sobre hospitais federais do Rio de Janeiro, representou uma derrota para o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel e para dirigentes do PT no estado.

A demissão está no centro da crise que perturba a ministra da Saúde, Nisia Trindade. Pressionada pelo Centrão, que reclama da lentidão para liberar emendas e quer seu cargo, Nisia passou a ser criticada pelo PT com a demissão de Magalhães e a centralização do sistema de compras dos hospitais federais no Rio.

Magalhães foi secretário de Planejamento de Pimentel, comandou a pasta da Saúde em Belo Horizonte quando o petista foi prefeito e coordenou a fracassada campanha de reeleição do aliado em 2018. Na função, ele substituiu o deputado Odair Cunha, hoje líder do PT na Câmara. Em março de 2023, recebeu a visita do aliado "para conversar sobre novas iniciativas para ampliar e qualificar o atendimento ao nosso povo e à nossa gente".

Magalhães, junto com Pimentel, foi alvo do Ministério Público do estado em uma ação de improbidade administrativa. A acusação foi de que o então governador e membros da gestão petista retiveram indevidamente parcelas de arrecadação do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) “de modo a favorecer os seus projetos políticos”. Ao todo, o MP estimou os valores em mais de 6 bilhões de reais, segundo documentos que o Bastidor teve acesso.

Magalhães também foi contestado pelo Tribunal de Contas de Minas Gerais. Em 2010, ele era o gestor responsável pelo Fundo Previdenciário dos Servidores Públicos Ativos, Inativos e Pensionistas de Belo Horizonte. Relatório obtido pelo Bastidor mostra que “as disponibilidades financeiras do Fundo não estavam sendo depositadas somente em instituições financeiras oficiais”. Foram constatadas ainda divergências nos valores recolhidos pelo RPPS (Regime Próprio de Previdência Social). 


A exoneração de Magalhães no atual ministério da Saúde veio após o Fantástico, da TV Globo, denunciar a atuação de apadrinhados políticos em hospitais federais no Rio de Janeiro. Trata-se da empresária Grasielle Esposito, também de Minas Gerais, que fez parte da secretaria comandada por Magalhães no governo de Pimentel.

Grasielle é dona da Potenza Soluções Prediais e Facilities LTDA, com sede em Nova Lima (MG), e apareceu em um hospital na zona norte do Rio dizendo ser enviada de Magalhães para fazer um estudo sobre o status de conservação da unidade de saúde. Detalhe: ela não possui nenhum cargo no ministério da Saúde.

Na justiça, também foi alvo do MP de Minas quando estava lotada na secretaria de Saúde de Muriaé (MG). De acordo com o órgão acusador, Grasielle foi uma das responsáveis pela contratação para a pasta do filho de uma funcionária comissionada da prefeitura.

A exoneração de Magalhães encerra a segunda passagem dele pela Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. A primeira foi no governo Dilma Rousseff. Ele foi cotado para substituir Alexandre Padilha no comando da Saúde em 2014, após o titular se afastar para se candidatar ao governo de São Paulo. Apesar do esforço de Pimentel, então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Dilma optou por Arthur Chioro.

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