Kassab na frente

Ao eleger 888 candidatos, o PSD se tornou neste domingo (06) o partido com o maior número de prefeituras do país. Tomou o lugar que tradicionalmente era do MDB, que fez 859. Assim, o PSD e seu dono, Gilberto Kassab, ganham musculatura para serem maiores na disputa pela presidência da Câmara e uma posição vantajosa para a eleição de 2026.  

O PSD ficou bem à frente do PL, de Valdemar Costa Neto, que tem sido o principal antagonista de Kassab. Recentemente, Valdemar reclamou em entrevista à Folha que Kassab está nos dois lados, pois se alinha à direita, mas tem três ministérios do governo Lula.

O PL cresceu neste domingo de 349 para 522 prefeituras. Boa parte disso é produto da manobra de Valdemar, que adotou Jair Bolsonaro e os bolsonaristas em 2021. Antes disso, o PL estava em processo de encolhimento. Já o PSD de Kassab cresce de forma consistente desde que foi fundado, em 2012, sem grandes contratações.  

O valor dos prefeitos para qualquer partido é grande. Prefeitos são fundamentais para as campanhas a deputado estadual, federal e senador, que acontecerão em 2026. São eles que ajudam os candidatos a fazer campanhas. Neste aspecto, o PSD parte de uma base razoável para aumentar suas bancadas no Congresso e nos estados.

Com mais prefeitos, o PSD tem também maior poder de barganha para influenciar na presidência da Câmara. Afinal, prefeitos aliados são importantes no processo de indicação de emendas ao orçamento, a maior fixação dos parlamentares. Com a cruzada do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para tornar mais rigoroso o processo de liberação de emendas, ter um prefeito aliado será mais valioso.

Fora os prefeitos, Valdemar disputa com Kassab a proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pré-candidato da direita à presidência em 2026. Há meses, Valdemar tenta levar Tarcísio do Republicanos para o PL. Kassab é contra a mudança e tem prevalecido até agora.

Irrita Valdemar o fato de Kassab ser o principal aliado de Tarcísio, o candidato bolsonarista, e ter três ministérios no governo Lula – algo que o PL jamais poderá alcançar por sua ligação com Bolsonaro.

Kassab tem sido fundamental na disputa pela presidência da Câmara. Foi seu veto que derrubou a candidatura de Marcos Pereira, do Republicanos, levou à ascensão de Hugo Motta e mantém a possibilidade de Antonio Britto, do seu partido, disputar a cadeira. Com mais prefeitos, terá mais poder de influência, quase tanto quanto Valdemar, cujo PL que tem a maior bancada na casa.